Viva a Mata, capricho no ambiente
Ethel Leon
O designer Nido Campolongo, que desenvolve pesquisas e formas tridimensionais com papelão, foi o cenógrafo da exposição Viva a Mata, realizada no final de maio, no Parque Ibirapuera em São Paulo. A cenografia mostra o domínio das possibilidades construtivas e plásticas, sobretudo dos tubos de papelão.
A partir desses tubos e de alguns outros poucos materiais, espaços são organizados e móveis expositivos construídos, todos com densidade plástica. Esculturas que são ‘impedimentos no espaço’ como as grandes luminárias de garrafas PET no chão; florestas de cabides, móveis de apoio, pórtico de entrada, totem de sinalização exibem o grande poder de transmutação de poucos elementos. Muitos delas procuram relações instáveis de equilíbrio; outros se postam quase dentro de ordem clássica; a geodésica feita de tubos seccionados alude às pesquisas de Buckminster Fuller.
Sobra inteligência, onde a parcimônia se reivindica como conquista. Os espaços de exposições ligadas às questões ambientais, muitas vezes, se apresentam rudes, como se a rudeza fosse qualidade essencial de novo modelo de produção e consumo, buscado pela política ambiental. Talvez – e aí reside o segredo do fazer de Campolongo – não se trate de brutalidade, nudez enfadonha, mas de sutilezas, qualidades de permanência, mesmo em peças que estão ali circunstancialmente (vigorosas, elas podem partir para outras cenas).
Embora tenha caráter instrumental, o cenário de Campolongo pode ser lido por si. E, vendo algumas peças gráficas da exposição, lamenta-se que elas não tenham tido a qualidade de seus suportes. É como se tivessem sido feitas para uma mostra escolar, para serem afixadas num muro branco.
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