Ano: II Número: 14
ISSN: 1983-005X
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10 cases

A Editora Edgar Blucher vem-se dedicando, cada vez, mais a fornecer uma boa bibliografia de design, com traduções e, principalmente, com livros gerados no Brasil. No final de 2008, lançou uma espécie de antologia chamada 10 cases do design brasileiro os bastidores do processo de criação, com a coordenação do professor Eddy Stephan. 

Trata-se de iniciativa louvável, pois discute a partir de distintas experiências e visões, determinações mercadológicas, relações entre matriz e ‘filial’ de multinacional; enfrentamentos técnicos; problemas com fornecedores, possibilitando aos leitores, especialmente estudantes, ter uma visão da magnitude de questões que cercam, ou melhor, fazem parte do cotidiano profissional.

Há textos primorosos, do ponto de vista da demonstração não só da complexidade técnica, como também de autonomia projetual, caso dos óculos, de Fábio Righetto, da lavadora Mueller, de Gustavo Chelles e da luminária Luna, de Fernando Prado. No caso da lavadora, com enorme interesse, já que nos últimos anos cresceu muito o chamado mercado da classe C no Brasil.

Outros, também de muita valia, perderam um pouco sua força, graças a uma ausência de edição de texto, como é o caso do emissor de senhas de Célio Teodorico e Aldrwin Hamad e o secador de cabelos de Sydney Rufca.

O caso contado por Newton Gama poderia ser genial se não parasse onde parou. O ex-coordenador de design do grupo Brasmotor conta como um norte-americano encarregado de desenhar uma linha para o mercado brasileiro deu com os burros n’água, pois os testes de mercado revelaram total rejeição a seu desenho. Faltou aí identificar porquê, como, onde, o que  nos levaria a identificar questões de maior interesse, até mesmo antropológico.

É difícil, em textos assinados por tão diferentes autores, em tão diversas experiências, manter um tônus de interesse para os leitores. Fugir do memorial, sem ser superficial nas informações técnicas; mostrar as dificuldades, sem cair no relato auto-piedoso; abrir as vertentes mercadológicas, sem cair no discurso marqueteiro.

Como designers brasileiros raramente escrevem, é importante manter essa vertente editorial, estimulando a auto-reflexão, a comparação entre pares, fora do circuito acadêmico, em que papers e mais papers se escrevem, raramente sobre um projeto ‘de carne e osso’. (EL)

 


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