Ano: IV Número: 48
ISSN: 1983-005X
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Goebel Weyne, o tributo da ESDI

É com profundo pesar que a Esdi comunica o falecimento de Goebel Weyne, ocorrido nesta sexta-feira, 7 de dezembro.

Um dos professores fundadores da Escola, onde ensinou a partir de 1964, o cearense Gustavo Goebel Weyne Rodrigues era designer autodidata, com incursões pela fotografia e pelo design de tipos, e um pioneiro da formação do campo do design no Brasil. Na década de 1950, estudou artes visuais no Masp, em São Paulo, e no MAM-Rio, onde teve como professores Tomás Maldonado e Otl Aicher.

Juntamente com Karl Heinz Bergmiller, estruturou e coordenou o Instituto de Desenho Industrial do MAM-Rio (IDI-MAM), onde realizaram três Bienais Internacionais de Desenho Industrial (1968, 1970 e 1972), entre outras exposições, projetos e consultorias. Foi também com Bergmiller que atuou na empresa de móveis de escritório Escriba, na qual tanto os programas de mobiliário como sua contraparte no design visual caracterizaram um projeto exemplarmente moderno.

Sua importante parceria com Oscar Niemeyer foi da Novacap, empresa construtora de Brasília, por cuja programação visual era responsável, à revista “Módulo” de arquitetura, que ambos coordenavam e onde Goebel pôde aplicar seus princípios racionais de design editorial.

Em 1998, foi um dos nomes presentes na mostra internacional “Método e industrialismo”, no CCBB-RJ, juntamente com designers como Alexandre Wollner, Aloisio Magalhães, Dieter Rams, Kenji Ekuan, Sergio Rodrigues e Wim Crouwel, entre outros. Wollner foi um amigo desde a juventude, tendo eles se encontrado quando Goebel mudou-se para São Paulo, em 1951, e realizado, ao longo de seis décadas, diversos projetos em parceria, agregando às vezes outros colegas, como Décio Pignatari, com quem desenvolveram o programa de identidade visual do grupo Hansen.

Na relação com seus estudantes na Esdi, ao mesmo tempo rigoroso e afetivo, erudito e engraçado, conseguiu sempre obter o melhor de cada um, e conquistou grandes admiradores. Deixa os filhos José, Margarida e Cristiano, além de netos. Sua filha Dirce falecera há alguns anos. Tendo sido já o responsável pelas identidades visuais das celebrações dos 30 e dos 40 anos da Esdi, teve como um de seus últimos trabalhos, não integralmente desenvolvido, o projeto para os 50 anos da Escola, que se comemorarão em 2013.

 

Comentário de Ethel Leon:

Em pesquisa recente, realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro tive contato com a obra de Goebel Weyne, seu rigor tipográfico moderno, que desprezava caixas altas, os alinhamentos simetricamente conduzidos nas páginas com pouca tinta, em que as cores eram utilizadas parcimoniosamente, com o preciso sentido antiornamental.

É tarefa urgente dos pesquisadores do design brasileiro estudarem a obra de Weyne e entenderem com profundidade a convivência e a colaboração intelectual de Weyne e de Pignatari, assim como das múltiplas tomadas de posição teórico-projetuais da ESDI daquele período.

 


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