Projetada pelo designer Arne Jacobsen no final dos anos 50, a poltrona Egg ainda hoje é sinônimo de peça do mobiliário contemporâneo.
Em homenagem a cinco décadas de sua criação, a empresa dinamarquesa de móveis Fritz Hansen trouxe 50 exemplares da poltrona ao MuBE (Museu Brasileiro de Escultura) em São Paulo.
A exposição, que reuniu representantes comerciais dos dois países e contou com membros da família real dinamarquesa, celebrou a parceria da Fritz Hansen com a ATEC Original Design. Com showrooms e escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, a ATEC passa agora a representar a marca no Brasil.
Fundada em 1872, a Fritz Hansen destaca-se no cenário internacional como empresa criadora e fabricante de móveis, reconhecida pela qualidade e pela colaboração com importantes nomes do design e da arquitetura mundial.
Algumas das peças mais conhecidas de sua coleção são as poltronas Egg, Swan e a Série 7, criadas por Arne Jacobsen, a China Chai, criada por Hans J. Wegner e as camas PK22 e PK80, criadas por Poul Kjaerholm entre outros.
Segundo Jacob Holm, presidente da Fritz Hansen, a produção da empresa se divide entre Dinamarca, Polônia e Suécia e cerca de 75 por cento das vendas atualmente se concentram na Europa.
Na Fritz Hansen desde o final dos anos 90, Holm é responsável pelo processo de internacionalização da marca, que na última década passou a investir em novas cores e designs em sua produção.
Segundo o executivo, o acordo firmado entre a Fritz Hansen e a ATEC revela muitos desafios.
“Estritamente do ponto de vista comercial, as taxas de importação no Brasil são muito elevadas. Além disso, estamos competindo com uma série de empresas nacionais que produzem cópias e isso é difícil”, diz Jacob Holm.
No entanto, para Holm, os consumidores brasileiros estão cada vez mais interessados na qualidade e na sofisticação das peças:
“Felizmente, as pessoas estão interessadas em design e percebem as diferenças entre uma cadeira mal feita, de baixa qualidade, e algo que tem originalidade, que poderá durar para sempre.”
Para o executivo, a Fritz Hansen aposta em uma linguagem que contemple a subjetividade de seus consumidores:
“Em geral, as pessoas pensam apenas em questões como preço, qualidade e garantia. Em nosso caso, também consideramos que os móveis devem ser vendidos com entusiasmo, responsabilidade, não falando com o intelecto, mas com os sentimentos”.
Customizadas pelo artista Tal R, as tradicionais poltronas adquiriram novas feições a partir da combinação de materiais coletados em diversos lugares do mundo, como Israel, Istambul, Berlim e Nova Iorque.
Para o artista, a opção pelo trabalho em patchwork ampliou as possibilidades de criação, além de revelar as múltiplas facetas que uma mesma peça pode incorporar.
“A intenção foi demonstrar como é possível criar novas versões, explorando diferentes repertórios visuais, sem abandonar o conceito de uma peça clássica de design, como a Egg”, afirma Tal R.
Na percepção do artista plástico, embora a Egg tenha sido projetada em um período pré-liberdade da expressão corporal, ou seja, antes dos anos 1960, sua atualidade está estreitamente relacionada à mobilidade anatômica que a poltrona oferece aos seus usuários.
“Com relação à questão corporal, diferente do Brasil, na Dinamarca as pessoas não são um ‘corpo’, isto é, os dinamarqueses não têm a desenvoltura corporal que os brasileiros habitualmente demonstram. Neste sentido, a poltrona permite que seus usuários se expressem como um ‘corpo’ a partir do momento em que se apropriam de sua estrutura, colocando os braços sobre seus apoios, experimentando diferentes posturas, gestos e códigos corporais”, diz o artista.
Após São Paulo, a exposição segue para o MAC (Museu de Arte Contemporânea) em Niterói (Rio de Janeiro) em outubro. A mostra também tem previsão de ser exibida no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba.
Márcia Pacito é historiadora, assistente de redação da AgitProp e entrevistou Jacob Holm e Tal R em encontro promovido pela ATEC e Fritz Hansen no MuBE.