No início de outubro, perdemos Eric Hobsbawm. Considerado um dos maiores intelectuais do século XX, Hobsbawm faleceu aos 95 anos de idade, em Londres.
Nascido em 1917 em Alexandria, durante o protetorado britânico no Egito, sua biografia se confunde com acontecimentos do século XX.
Em 1933, ano em que Hitler assumiu o poder na Alemanha, sua família, de origem judaica, mudou-se de Berlim para Londres. Em 1936, filiou-se ao Partido Comunista Britânico, ao qual permaneceu vinculado até sua dissolução, em 1991.
Atento observador e partícipe das transformações políticas, econômicas, culturais e sociais de nosso tempo, Hobsbawm discorreu sobre os principais fenômenos históricos que marcaram, em suas palavras, o “longo” século XIX e o “breve” século XX.
Do jazz à Bauhaus,das tradições culturais ao movimento operário, sua abordagem multifacetada ampliou os horizontes historiográficos e influenciou pesquisadores em vários países.
Sua série sobre as Eras (das Revoluções, do Capital, dos Impérios e dos Extremos) (1) constitui leitura referencial para a compreensão de temas e questões que permeiam nosso mundo contemporâneo.
Afinado com uma linha interpretativa de viés marxista, Eric Hobsbawm contribuiu para reflexão sobre o ofício do historiador, desenvolvendo uma narrativa concisa e sofisticada, pautada pelo diálogo entre os campos da história social e cultural.
Distanciando-se da postura do acadêmico alheio, ensimesmado em sua “torre de marfim”, Hobsbawm seguiu a tradição do intelectual ativo ao divulgar suas opiniões, expressar seu comprometimento político e, acima de tudo, investigar o passado tendo em vista as possibilidades de transformação do presente.
Notas
(1) HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções: Europa 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 25ª edição, 2009.
______ A Era do Capital: 1848-1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 15ª edição, 2009.
______ A Era dos Impérios: 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 13ª edição, 2009.
______ A Era dos Extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 1ª edição, 1995.
Márcia Pacito é historiadora e assistente de redação da AgitProp.
