Ano: IV Número: 48
ISSN: 1983-005X
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Vai também para a Amazônia
Ana Carolina Albuquerque de Moraes

Resumo

Este artigo analisa um dos cartazes concebidos pelo artista suíço Jean-Pierre Chabloz (1910-1984) durante o período em que trabalhou para o SEMTA (Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia), em 1943, no contexto da Segunda Guerra Mundial. O cartaz, que aborda o momento da partida dos migrantes para a Amazônia, será analisado em comparação a fotografias da época que também  retratam o tema.

Palavras-chave: cartaz, Jean-Pierre-Chabloz, SEMTA

 

Abstract

This paper analyzes one of the posters designed by the Swiss artist Jean-Pierre Chabloz (1910-84) during the period he worked for SEMTA (Special Service for Mobilization of Workers to Amazonia) in 1943, in the context of the Second World War. The poster, which covers the moment of departure of migrants for Amazonia, will be analyzed in comparison to photographs of that time which also depict the subject.

Keywords: poster, Jean-Pierre-Chabloz, SEMTA

 

Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, Brasil e Estados Unidos assinaram acordos com o intuito de reativar a produção de borracha nos seringais nativos da Amazônia, de modo a satisfazer uma enorme necessidade desse material por parte das forças aliadas.

Tendo recebido amplo suporte financeiro dos americanos, o governo Vargas comprometeu-se a implementar aquilo que ficou conhecido como o “programa da borracha”, um grande plano que prometia enviar, no intervalo de poucos meses, dezenas de milhares de trabalhadores para os seringais amazônicos. Em meio a um conjunto de organizações criadas para operacionalizar esse programa, o SEMTA (Special Service for Mobilization of Workers to Amazonia)detinha as funções de mobilizar e selecionar trabalhadores, bem como de encaminhá-los até Belém, de onde eles seriam conduzidos aos seringais sob a responsabilidade da SAVA (Superintendência de Abastecimento do Vale Amazônico).

Encarregado da divisão de propaganda do SEMTA, Jean-Pierre Chabloz (1910-1984) produziu rico material, destinado tanto a persuadir a mão-de-obra potencial a migrar para a Amazônia como a obter apoio público para o projeto de Vargas. Todo esse material pode ser atualmente encontrado no MAUC (Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará).

Nascido em Lausanne, na Suíça românica, Jean-Pierre Chabloz estudou na Escola de Belas-Artes de Genebra (1929-1933), na Academia de Belas-Artes de Florença (1933-1936) e na Academia Real de Belas-Artes de Milão (1936-1938). Em virtude da Segunda Guerra Mundial, transferiu-se com a família para o Brasil em 1940. Em fins de 1942, foi convidado a engajar-se na “Campanha da Borracha” como desenhista publicitário do SEMTA, ofício no qual atuou entre janeiro e julho de 1943.

Neste artigo, analiso um dos quatro referidos cartazes, o segundo concebido por Chabloz para o SEMTA. Tal peça de propaganda política foca-se no momento da partida dos homens recrutados, o instante em que eles iniciavam sua longa jornada rumo à Amazônia, conforme veremos adiante.

 

1. Concebendo o cartaz

A ideia para o cartaz Vai também para a Amazônia, protegido pelo SEMTA (fig. 1) parece ter já surgido em janeiro de 1943, conforme lemos em notas presentes no primeiro diário de serviço que Chabloz escreveu no período em que trabalhou para o SEMTA. Por meio de anotações no mesmo diário, percebemos que, além do título mencionado acima, o cartaz continha, em sua ideia original, um subtítulo, “Por que hesitar?”, suprimido em etapas posteriores de criação da peça, por motivos não explicitados pelo artista.

Um grande esboço para o cartaz, feito a carvão e gizes coloridos, teria sido realizado na madrugada entre primeiro e dois de março de 1943. Poucos dias depois, Chabloz teria começado a elaborar o layout da peça, tarefa que se teria estendida, em alternância a outras atribuições, até dezenove de março.

Um engraxate de nome Raimundo teria servido de modelo para o personagem principal do cartaz, o homem que, encostado a uma parede, assiste à partida de seus companheiros. Chabloz registrou ter realizado, na tarde do domingo sete de março, um retrato de Raimundo na posição desse personagem.

Os caminhões teriam sido desenhados primeiramente sobre papel vegetal e, em seguida, em cores sobre o próprio cartaz. Após retificar o busto do personagem principal da composição - por tê-lo considerado inicialmente muito curto - e desenhar as letras do título do cartaz, Chabloz teria apresentado, a dezessete de março, o layout quase finalizado a seu chefe, Paulo de Assis Ribeiro, que teria aprovado o trabalho e autorizado o suíço a terminá-lo no dia seguinte.

Um mês e meio depois, a quatro de maio, Chabloz era confrontado com as versões finalizadas do primeiro e do segundo cartazes que havia concebido para o SEMTA, ambos impressos por processo litográfico na Gráfica Mendes Júnior, no Rio de Janeiro. Sua reação foi de indignação e revolta. O artista acreditara que suas esmeradas criações seriam impressas por meio de processo fotolitográfico; em vez disso, contudo, elas haviam sido copiadas à mão sobre pedras litográficas. Chabloz sentiu-se traído e apartado dos produtos finais de seu trabalho, conforme registrou em seu diário:

 

Trahison! Lisses, académiques, “Arts et métiers”, plates, sans vibration colorée: toutes mes nuances “émail”, impressionistes, ont été supprimées: travail de manoeuvre sans esprit, sans art: hommes de paie et non de Foi! (...) Mais ces affiches mal reproduits retomberont sur moi! Les gens compétents me jugeront à travers elles! Patience! Jusqu’à ce que je puisse réaliser tout moi-même, de A à Z, vigilant et exigeant pour atteindre à la Perfection! (2); (3).

 

No acervo do MAUC, encontrei cerca de uma dezena de exemplares da versão finalizada do segundo cartaz, mas não deparei com nenhum registro do layout, a peça que, em si, trazia as “marcas da mão do artista”. Dessa forma, posso apenas registrar as reclamações de Chabloz, sem, no entanto, ter a chance de comparar a litogravura ao seu respectivo layout.

 

2. Imagens de partidas

No cartaz Vai também para a Amazônia, protegido pelo SEMTA, uma figura humana apresenta-se em primeiro plano. Sua lateral direita está voltada para o espectador, enquanto seu rosto dirige-se em sentido contrário. O jovem homem, de pele morena, corpo volumoso e grandes pés descalços, recosta-se a uma parede à esquerda da composição: perna direita apoiada no chão, braços e pé esquerdo pressionando levemente a parede.

O homem tem um olhar distante, que conduz o espectador ao fundo da imagem. Nessa parte mais remota do conjunto, vemos um caminhão verde, em cuja boleia se encontram vários homens. A maioria deles está sentada de costas para o espectador, sendo identificada apenas por seus chapéus amarelos. Dois deles, contudo, sobressaem-se: posicionados de pé, miram o companheiro que os observa e para ele acenam, com os braços estendidos. À esquerda desse veículo, figura a parte dianteira de outro, semelhante. Em sua traseira, vemos apenas um homem, de pé, corpo ereto e braço esquerdo estendido, também a acenar para o colega que, de longe, observa o grupo.

O cartaz em questão aborda o momento em que os homens recrutados pelo SEMTA partiam para a Amazônia. Sentados ou de pé, na boleia de caminhões, iniciavam ali uma etapa nova em suas vidas. Alguns estendiam os braços em demonstração de ânimo e esperança. Outros permaneciam sentados, à espera do que estaria por vir.

Como Chabloz morava em Fortaleza, onde havia assistido à partida de caminhões para a Amazônia, é muito provável que o suíço tenha buscado situar a cena do seu segundo cartaz na capital do Ceará. A paisagem plana, com vegetação escassa, difere em muito da mata cerrada do cartaz Mais borracha para a vitória (fig. 2), o primeiro concebido por Chabloz para o SEMTA, assim como do bucólico cenário, de vegetação abundante, do seu terceiro cartaz, intitulado Vida nova na Amazônia (fig. 3). A paisagem a céu aberto da peça aqui estudada, onde o solo aparenta quente e a flora é escassa, indica que a cena foi construída no ponto de partida da jornada dos trabalhadores: o Nordeste brasileiro, que, segundo a retórica governista, deveria ser abandonado em virtude da pouca fertilidade de suas terras. Já as duas outras imagens mencionadas, o primeiro e o terceiro cartazes concebidos por Chabloz, foram situadas já no ponto de chegada da epopeia varguista: as fartas terras amazônicas onde os ditos “soldados da borracha” deveriam produzir grande volume desse material para o sucesso das forças aliadas na guerra. O contraste de paisagens entre a imagem que representa o ponto de partida e aquelas que estampam o ponto de chegada é bastante revelador do teor do discurso oficial que se proferia àquele período.

A respeito da partida dos migrantes, Chabloz registrou, em seu diário de serviço, ter assistido à saída da primeira leva de trabalhadores de Fortaleza para a Amazônia, ocorrida a primeiro de fevereiro de 1943. O artista afirmou ainda ter realizado diversos croquis do episódio para eventuais usos posteriores.

Em carta endereçada a um amigo, de nome Moser, datada de seis de fevereiro de 1943, o suíço também se referia a partidas de trabalhadores:

 

Cette semaine a été chargée: lundi est parti, à Ie h. du matin, le premier contingent d’hommes pour l’Amazone: 235 hommes, en 6 camions, plus un camion de bagages et vivres.(...) Mardi, second départ, semblable, et le soir, arrivée, à 17 ou 18h, d’une troupe de 330 Cariocas et divers autres: gens du morro, de la favella, sambistas et “faquistas” enragés...(...)

Mercredi, départ troisième groupe local, et jeudi, la plus grande partie des cariocas. Le reste partira lundi. Ces départs sont assez impressionnants: quoique bien soignés, et soutenus, entourés jusqu’au bout et même sur les lieux de travail, ces hommes vont au devant d’une aventure grave et quelques-uns, très probablement ne reviendront pas...(4); (5)

 

Faz-se importante ressaltar que o tom romantizado da carta de Chabloz condiz com os primeiros momentos de sua atuação no SEMTA, entusiasmado ainda pelas descobertas e expectativas em relação ao trabalho. Em poucos meses, essa visão viria a sofrer modificações profundas, marcadas pelas sucessivas decepções do suíço em relação à desorganização no funcionamento do órgão e ao pouco interesse que julgava terem os altos funcionários por seu trabalho.

Durante as pesquisas que resultaram no livro Vai e vem, vira e volta: as rotas dos Soldados da Borracha, a antropóloga Lúcia Arrais Morales entrevistou, em Fortaleza e em Manaus, trinta e cinco ex-“soldados da borracha”, senhores que, na ocasião das entrevistas (ocorridas em 1996 e 1997), contavam entre setenta e quatro e setenta e oito anos de idade. A autora destaca o tom solene com o qual seus interlocutores referiam-se aos dias de suas partidas: após mais de meio século, eram capazes de relatar o evento com riqueza de detalhes. Conforme salienta a autora, nas recordações desses senhores, a partida não era identificada com a ocasião em que deixavam a casa dos pais e alojavam-se nos “pousos” (6) do SEMTA. Antes, a data que designavam como o dia da partida correspondia a um momento posterior, aquele em que saíam daqueles “pousos” e iniciavam oficialmente o demorado percurso em direção aos seringais amazônicos. (7)

A primeira partida de homens de Fortaleza para a Amazônia foi largamente documentada por fotógrafos da Abafilm, tradicional empresa cearense especializada em fotografia. Cópias dessas fotografias encontram-se no arquivo de Chabloz no MAUC, tendo algumas delas sido reproduzidas no livro Mais borracha para a vitória (8). Numa dessas imagens, temos uma visão diagonal dos sete caminhões que compunham o comboio (fig. 4), número condizente com o relato feito por Chabloz na carta acima citada.

Na fotografia, os homens encontram-se de pé, amontoados nas traseiras dos caminhões. Eles erguem os braços e acenam com os chapéus em mãos. Presenciamos uma verdadeira algazarra dos migrantes, que demonstram ter consciência da câmera que os fotografa. Eles parecem querer mostrar-se, diante do olhar do outro, felizes e eufóricos com a partida para a Amazônia. O comboio assume ares de carreata, e os migrantes portam-se como celebridades.

Outra fotografia nos mostra a parte lateral da traseira de um dos caminhões do comboio (fig. 5). Nela, um grupo de homens distribui-se de modo desordenado e arruaceiro. Alguns estão voltados para a parte dianteira do caminhão, enquanto outros se aglomeram na lateral esquerda do veículo, a sorrir e acenar para a lente do fotógrafo. Suas poses transmitem alegria, satisfação e confiança. Eles inscrevem em seus rostos e em seus corpos os elementos necessários para que os percebamos como indivíduos vitoriosos e satisfeitos.

Nas duas fotografias comentadas, observamos uma espécie de apologia à partida: esta sendo vista como o grande momento de triunfo daquele grupo de homens afortunados. Essas imagens destinavam-se a ilustrar periódicos da época. Nos jornais, a partida para a Amazônia figurava como o momento de glória do projeto migratório varguista.

Outras imagens levam-nos a questionar a autenticidade das expressões e dos gestos dos modelos nas imagens acima comentadas. Destaco um par de fotografias curioso de ser comparado. Numa delas, em que um grupo bastante extenso distribui-se ao longo do porto do Mucuripe, em Fortaleza, todos os homens miram a câmera, sorriem e erguem seus braços direitos, estampando a letra “v” com os dedos indicador e médio (fig. 6). Tratava-se da letra inicial da palavra “vitória”, muito presente na propaganda oficial do período, da qual temos exemplo no cartaz Mais borracha para a vitória, já aludido neste texto. Mais uma vez, os homens retratados constroem, por meio de suas posturas e suas atitudes, uma imagem condizente com o estado de espírito que deles se esperava no momento da partida: coragem, confiança, alegria e determinação.

Outra fotografia do mesmo grupo, no entanto, põe em dúvida tal estado de espírito (fig. 7). Registrada momentos antes ou depois da imagem anterior, essa fotografia mostra os mesmos indivíduos com posturas corporais e expressões faciais radicalmente diferentes. O terceiro homem da fila do meio, por exemplo, fuma um cigarro displicentemente, enquanto o sexto da mesma fila tem os braços cruzados e o rosto sério, encarando-nos como quem nos desafia.

A motivação e a confiança que os homens transmitem na primeira imagem caem por terra quando fitamos a segunda. “Um grupo tão circunspecto e carrancudo estaria mesmo eufórico em partir?”, perguntamos. A segunda imagem parece enfatizar o caráter fabricado da primeira cena. Nesta, os homens estariam nitidamente posando para a fotografia, muito provavelmente após a solicitação de algum funcionário do SEMTA.

Mais uma imagem registrada durante a primeira partida faz-nos duvidar do sentimento de euforia coletiva estampado nas primeiras fotografias que comentei. Nela, vemos, em diagonal, a lateral direita da traseira de um caminhão do SEMTA, onde podemos observar alguns homens sentados (fig. 8). Um deles está adormecido; seu vizinho tem o olhar contemplativo e distante. Dois deles, os únicos que parecem ter consciência da presença da câmera, ou incomodar-se minimamente com o ato do registro, estampam nos dedos um tímido “v” da vitória, nada convincente.

Observamos, assim, um nítido contraste entre as fotografias fabricadas para ilustrarem periódicos e aquelas que captam os migrantes em momentos mais inadvertidos. Naturalmente, os aspectos mais sofridos das partidas – a tristeza, a solidão, o desenraizamento, a incerteza – não eram explorados pela imprensa ou pela propaganda oficial.

O cartaz Vai também para a Amazônia, protegido pelo SEMTA, enquanto peça de propaganda governista, realça logicamente a alegria e a euforia dos migrantes, então transformados em heróis nacionais. Embora vários homens permaneçam sentados no caminhão, destacam-se, na imagem, aqueles que, de pé, erguem os braços, acenando para o companheiro que os observa à distância. Este, por sua vez, é diretamente atingido pela mensagem textual do cartaz, que o convida a fazer o mesmo que seus colegas nos caminhões: migrar para a Amazônia, sob a proteção do SEMTA.

O cartaz visa a dirimir possíveis incertezas e hesitações de potenciais migrantes. O que está sendo dito, por meio da imagem e do texto, é: “Se tantas pessoas optaram por migrar para a Amazônia sob os cuidados do SEMTA, é porque a oportunidade é realmente muito boa. Sendo assim, por que você não faz o mesmo?”. A dualidade entre o ambiente interno, em que se encontra o homem em primeiro plano, e o ambiente ao ar livre, onde se passa a cena da partida, parece intensificar o convite, apresentando a migração para a Amazônia como uma atitude libertadora.

Dessa forma, o cartaz analisado enfatiza os aspectos gloriosos da partida para a Amazônia: a alegria e a vibração dos migrantes, o caráter patriótico de sua atitude, a libertação traduzida em seu gesto. Contudo, por meio de comparações entre fotografias registradas durante a primeira partida de grupos cearenses para a Amazônia, apontei para o aspecto dual daquele ato ritualístico: a versão oficial dos fatos versus outra versão, não divulgada no período, observada em fotografias nas quais rostos e corpos de migrantes expressam sentimentos de incerteza, desconfiança, cansaço e perda. Talvez ambas as versões apresentem sua parcela de verdade, tendo em vista que sentimentos contraditórios como alegria e dor, excitação e medo costumam estar associados, de modo simultâneo, a esses ritos de passagem.

 

Ana Carolina Albuquerque de Moraes é mestra em Artes Visuais pela UNICAMP. Graduada em Comunicação Social (Publicidade e Propaganda) pela UFC, e especialista em Arte e Educação pelo IFCE. Atuou, por cinco semestres, como professora do curso de Comunicação Social da UFC.

 

Notas

(1) O texto apresentado constitui uma tradução revisada de um artigo originalmente publicado em língua inglesa (MORAES, Ana Carolina Albuquerque de. “Go you too to Amazonia”: analysis of a poster designed by Jean-Pierre Chabloz for the “Rubber Campaign”. In: FARIAS, Priscila L.; CALVERA, Anna; BRAGA, Marcos da C. & SCHINCARIOL, Zuleica (Eds.). Design Frontiers: Territories, Concepts, Technologies[= Proceedings of the ICDHS 2012 – 8th Conference of the International Committee for Design History & Design Studies]. São Paulo: Blucher, 2012, p. 491-494).

(2) “Traição! Lisos, acadêmicos, “Artes e ofícios”, planos, sem vibração colorida: todas as minhas nuances “brilho”, impressionistas, foram suprimidos: trabalho de operário sem espírito, sem arte: homens de remuneração e não de Fé! (...) Mas esses cartazes mal reproduzidos recairão sobre mim! As pessoas competentes me julgarão através deles! Paciência! Até que eu possa realizar tudo por mim mesmo, de A a Z, vigilante e exigente para alcançar a Perfeição!” As traduções do francês para o português ao longo deste artigo são de responsabilidade da própria autora.

(3) Enumération des TRAVAUX exécutés pour le S.E.M.T.A. Dessins etc. en relation +- Directe avec ce service. – S. Luiz – BELEM – TERESINA – FORTALEZA. dès le 2 janvier 1943.Texto manuscrito de autoria de Jean-Pierre Chabloz. Arquivo do artista. MAUC. (grifos do autor).

(4) “Esta semana foi atribulada: segunda partiu, à 1ª. hora da manhã, o primeiro contingente de homens para a Amazônia: 235 homens, em 6 caminhões, mais um caminhão de bagagens e víveres. (...) Terça-feira, segunda partida, semelhante, e à noite, chegada, às 17 ou 18h, de uma tropa de 330 Cariocas e diversos outros: gente do morro, da favela, sambistas e “faquistas” furiosos... (...) Quarta-feira, partida terceiro grupo local, e quinta, a maior parte dos cariocas. O resto partirá segunda. Essas partidas são bastante impressionantes: embora bem cuidadas, e apoiadas, cercadas até o fim e mesmo nos locais de trabalho, esses homens vão para uma aventura grave e alguns, muito provavelmente não voltarão...”

(5) Carta de Chabloz a Moser. Fortaleza, 6 de fevereiro de 1943. Texto datilografado. Arquivo do artista. MAUC.

(6) Chamavam-se “pousos” aos alojamentos do SEMTA para onde eram encaminhados os homens alistados a fim de aguardarem o momento da partida. Também em “pousos” os migrantes eram alocados em determinados pontos da viagem até Belém.

(7) MORALES, 2002.

(8) GONÇALVES e COSTA (Orgs.), 2008, p. 206-243.

 

Referências bibliográficas

GONÇALVES, Adelaide; COSTA, Pedro Eymar Barbosa (Orgs.). Mais borracha para a vitória. Fortaleza: MAUC/NUDOC; Brasília: Ideal Gráfica, 2008.

MORALES, Lúcia Arrais. Vai e vem, vira e volta. As rotas dos Soldados da Borracha. São Paulo: Annablume; Fortaleza: Secretaria da Cultura e Desporto do Estado do Ceará, 2002.

 

- Documentos pertencentes ao acervo do MAUC:

Carta de Chabloz a Moser. Fortaleza, 6 de fevereiro de 1943. Texto datilografado. Arquivo do artista. MAUC.

Enumération des TRAVAUX exécutés pour le S.E.M.T.A. Dessins etc. en relation +- Directe avec ce service. – S. Luiz – BELEM – TERESINA – FORTALEZA. dès le 2 janvier 1943. Texto manuscrito de autoria de Jean-Pierre Chabloz. Arquivo do artista. MAUC.

 

 


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