Ano: I Número: 10
ISSN: 1983-005X
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A marca da Cpfl Cultural

Ethel Leon

A associação da luz a instituições educacionais ou culturais faz parte da tradição iluminista. É a ela que, antes de tudo, remete a nova marca do Centro Cultural da empresa Cpfl, de Campinas, SP.

Concebida por Hugo Kovadloff e Valpírio Monteiro com a colaboração de Paulo Gontijo, todos da Gad’Branding, a marca incorpora o movimento em sua configuração. Não é uma marca, mas um conjunto, pois, em vez de fixar o objeto emissor da luz (o sol ou outros), a marca se constrói em várias possibilidades de reunião de feixes de luz, sempre cambiantes.

Nesse sentido, faz eco às marcas que exprimem o incorpóreo, como a do Louvre, desenvolvida pelo estúdio de Pierre Bernard, em que as nuvens representam os maiores bens contidos no museu: o conhecimento, em sua dimensão imaterial, fugidia e universal.

O conjunto da marca Cpfl Cultural é feita de radiações, movimento, escala cromática da decomposição da própria luz e um entrelaçamento desses fachos, gerando uma forma próxima de um pássaro, uma borboleta (representação da psyché, da alma), o rastro da passagem de um avião.

É curioso pensar que o saber, a cultura, a arte, por mais que se concretizem em obras, dependem da recepção, da fruição, desse instante em que são percebidos, vistos ou apreendidos por alguém. Esse momento, que pode ser um instantâneo ou demorar muito para se consumar, é dificílimo de representar visualmente ou em palavras, trata-se de uma alegria, um dissabor, um insight.

De nada adianta visitar um museu, ler um livro, ouvir uma sonata, se o que está em questão é um ato despojado de paixão ou, no mínimo, de algum envolvimento. Esse envolvimento permite que a luz se instale, deixe de ser um campo fugaz e se torna uma aquisição, não somada ao que sou, mas que, de alguma maneira, modifica quem eu sou.

É essa, talvez, a luz da nova marca do Centro Cultural Cpfl, fugidia, mas multicolorida. Ela remete a ações e realizações – conferências, vídeos, exposições, concertos – que só fazem sentido quando tocam o público, cada uma das pessoas que o compõem. Difícil de apreender, mutante, voadora. Uma grande responsabilidade para a empresa que a porta.

 


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