Ano: I Número: 10
ISSN: 1983-005X
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Vazio e ruptura

Marcello Montore

Elaine Ramos – responsável por algumas das capas e projetos gráficos mais interessantes da editora Cosac Naify nos últimos tempos – foi a designer escolhida para criar a identidade da 28ª Bienal de São Paulo, cujo resultado foi apresentado recentemente.
 
Como peça de divulgação, o cartaz, tradicionalmente, sempre teve prioridade, mas nessa 28ª edição da Bienal é novidade a criação de uma “identidade” para o evento que é disparada por uma assinatura que deverá dar unidade a todas as peças de comunicação.
 
Esse logo, desenvolvido em parceria com Daniel Trench e Flávia Castanheira, expressa semanticamente conceitos chave dessa edição da Bienal. O primeiro e mais evidente é a idéia do “vazio” representado pelo corte horizontal do logo, que interpreta de forma gráfica a proposta de Ivo Mesquita, curador chefe da Bienal, de manter vazio o segundo piso do edifício, como a pedir uma pausa para reflexão sobre a função das bienais de arte na atualidade.

Alia-se a isso, uma segunda idéia presente no logo, que é a da “ruptura”, que se relaciona com outra proposta de Mesquita, qual seja, de transformar essa Bienal em um momento de reavaliação e de rompimento com os modelos tradicionais de bienais e buscar um modelo que melhor atenda ou pelo menos melhor reflita o momento atual das artes plásticas. Por fim, a forma gráfica resultante da ruptura e do deslocamento gráfico no logo da bienal acaba por engendrar uma linha contínua que insinua também a idéia de percurso.
 
Minimalismo gráfico e complexidade conceitual são os resultados desse esforço de síntese sintático-semântica que geraram um dos mais adequados logos para eventos culturais recentes.

 


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