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Belas próteses
Da coleção Preconceitos, o livro assinado por João Ribas, Preconceito contra as pessoas com deficiência (Ed. Cortez) reúne 22 textos curtos e saborosos sobre diversos aspectos desse tipo de discriminação.
João Ribas é expert no assunto, tem trabalhado em projetos para a criação de empregos para pessoas com deficiência em várias instituições e é, ele próprio paraplégico desde o nascimento, usando desde sempre cadeira de rodas.
O capítulo 14, Chiques e originais, fala das relações de afeto que pessoas com deficiência desenvolvem para com acessórios como cadeiras de rodas, aparelhos auditivos e bengalas.
Sem entrar no mérito de tantas acaloradas discussões do design funcionalista, Ribas bem resume a questão no seguinte parágrafo: “Pois bem, cadeiras de rodas, próteses, bengalas, aparelhos auditivos são nossos funcionais equipamentos. Mas, se quisermos, podem ser muito mais do que isso. Podem se também acessórios para o corpo, embelezando a nossa silhueta e nos dando charme da mesma forma que uma bela gravata, um sublime colar, um elegante chapéu. As cadeiras de rodas vestem nosso corpo, as bengalas complementam nosso traje, os aparelhos auditivos enfeitam as nossas orelhas.”
Antes disso, no entanto, o autor fala das pessoas que odeiam suas cadeiras de rodas, vistas como prisões do corpo. Ou seja, parece que, fundamentalmente, não é a qualidade formal ou funcional do objeto que é determinante para sua aceitação.
Aqueles capazes de gostar, apelidar, acarinhar essas próteses são também as pessoas que, antes de vincular-se aos instrumentos de apoio, vinculam-se a si próprias, vêem esses instrumentos como capazes de ajudá-las a locomover-se, ouvir, ler, ou seja, explorarem mais plenamente seu potencial.
A cadeira de rodas, que como conta Ribas, alguns pintam, outros mandam para o conserto ou decoram com adesivos não é vista como objeto banal, como outras próteses tão necessárias à nossa vida... Canetas ou copos, por exemplo. (EL)
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