Ano: I Número: 10
ISSN: 1983-005X
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Experimenta 2008: design para a (nova) paisagem urbana

Fernanda Sarmento* texto e fotos

A Experimentadesign, bienal internacional de design, arquitetura e criatividade, ampliou suas fronteiras para além do território português, iniciando uma parceria com Amsterdã, a partir da edição de 2008. Entra, assim, em uma nova fase, expandindo sua plataforma de ação para duas capitais européias, Lisboa e Amsterdã, sendo realizada em cada uma das cidades em anos alternados.

O evento tem seu foco dirigido sobretudo às pessoas e às idéias e não a produtos e mercado, promovendo a reflexão crítica e a interdisciplinaridade.

O tema da edição 2008 – Espaço e Lugar – explora a possibilidade de levar a cultura do design para uma dimensão com maior enfoque social, de modo a apontar novos caminhos para políticas públicas e para o convívio coletivo nos espaços urbanos.

As mostras levaramm a questionar sobre o quanto nos é permitido interagir com os espaços públicos de maneira criativa e quais os caminhos que poderiam ser abertos, no campo do design, capazes de sugerir novos comportamentos e novas relações com o espaço urbano e doméstico.

Tanto na estruturação do tema, quanto nas exposições e conferências apresentadas, a Experimentadesign 2008 nos leva a refletir sobre a necessária expansão da atividade do designer e qual seria o seu papel nos próximos anos.

Enquanto no século XX, boa parte dos projetos estava dirigida para criação de produtos, suas formas, materiais e tecnologias, entramos no século XXI com a percepção de que temos outras necessidades pela frente. Parece difícil falar apenas de produtos em um mundo que pede por novas soluções para o convívio coletivo no planeta e principalmente por um redimensionamento quanto ao modo como ocupamos ou consumimos os espaços disponíveis. O que está sendo colocado em questão é a forma como nos organizamos no mundo.

No século XXI o coletivo se sobrepõe ao individual e os produtos passam a ser vistos em função do seu contexto: de onde vêm, para onde vão e que recursos serão necessários para produzi-los.

O questionamento proposto pela Experimenta – como utilizamos o espaço público – tenta mostrar aos designers e ao público a grande necessidade de assumir, com maior consciência, a ocupação do espaço coletivo.



Urban Play

Evento organizado pelo grupo holandês Droog Design e por Scott Burnham, propõe 12 instalações urbanas interativas e uma exposição que explora o diálogo entre intervenções urbanas e espaço público. Apresenta trabalhos realizados em várias partes do mundo e mostra como a linguagem criativa nas cidades pode ser influenciada por estes projetos.

“Nossa relação com os espaços públicos em geral é concebida de forma muito passiva, os espaços são distribuídos e determinados para fins    específicos e recebemos instruções sobre as ações que devemos evitar”, comenta Rem Remarkers, do grupo Droog Design. “Nossa proposta é criar objetos e instalações que encorajem as pessoas a se relacionar com o espaço de forma criativa.”

As obras devem ficar expostas temporariamente ao longo da IJ-riverfront em Amsterdã. Como a proposta era que estas instalações possibilitassem interações criativas com a população, a expectativa é de que propiciem o debate sobre aspectos políticos e sociais da cidade.
As instalações podem ser vistas nos sites: www.experimentadesign.nl e www.urbanplay.org


Sunday Adventure Club

Exposição e intervenções urbanas em áreas abandonadas de Amsterdã.
Idealizada por Ester van de Wiel, professora da Design Academy Eindhoven, contou com a participação de jovens ex-alunos da escola para a realização das intervenções.

A exposição homenageia os pioneiros que transformaram áreas abandonadas das cidades em espaços de domínio público. São mostradas desde experiências como “Gerrila Gardening”, em Nova York, de Liz Cristie nos anos 1970, até as mais recentes formas de organizações sociais, possíveis graças ao surgimento da tecnologia móvel e da internet. O ambiente virtual criou cenários para que comunidades organizassem suas atividades espontaneamente, dando origem a um novo tipo de espaço público nas cidades.

Para as intervenções foram selecionadas áreas não ocupadas da cidade, estas foram transformadas em “clubes” para atividades, sem um espaço definido.
Os jovens designers foram convidados a escolher ferramentas e vestimentas capazes de criar cenografias para uma específica “aventura”. As áreas abandonadas deveriam se transformar em locais com forte identidade e valor comunal. Foram criadas áreas para atividades, como laboratório para estudos da flora e da fauna urbana, espaço para treinamento de cachorros, clube para cuidados do corpo e da beleza, clube para construção de barcos etc..

As instalações podem ser vistas nos sites: www.experimentadesign.nl e www.sundayadventureclub.nl


Come to my Place

Realizada na Westerhuis Gallery, espaço projetado por Marcel Wanders, a exposição se propõe a fazer uma reflexão sobre o espaço interno das casas. Pequenos estandes foram distribuídos entre oito designers de diferentes cidades ao redor do mundo para que criassem espaços personalizados, usando tanto produtos do design industrial globalizado como produtos da loja da esquina. Para representar São Paulo, foram convidados os designers da Ovo, Gerson de Oliveira e Luciana Martins.

Red Light District

O projeto, realizado por meio da parceria entre a Droog  e a cidade de Amsterdã, traz o trabalho de oito jovens designers de jóias para dentro do “Red Light District”, o bairro vermelho de Amsterdã.

A região, no centro histórico de Amsterdã, se tornou atração turística por incorporar a prostituição como atividade regular na cidade. Assim, as prostitutas posam como mercadorias nas vitrines de suas casas. Com o aumento da imigração, a região tem se tornado mais violenta, e a prefeitura iniciou um projeto para atrair profissionais da moda e do design para estes imóveis.

Inspirados nas pequenas bodegas artesanais da Ponte Vecchia, em Florença, as vitrines das casas irão mostrar, de um lado, as jóias expostas e, do outro, o artesão trabalhando. Os designers usarão as casas, que eram das prostitutas, como residência, estúdio e oficina por um período de 12 meses, enquanto estes imóveis aguardam autorização para se transformarem em áreas residenciais.


*Matéria cedida pela revista Arc Design

 


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