Bienal de St. Étienne, a perspectiva ambiental
Ethel Leon
O jornalista ambientalista John Thackara, conhecido por seu livro Doors of Perception, foi o convidado de honra da Bienal 2008. Convidado a ser o curador de um dos grandes espaços da Cité du Design, Thackara optou por um ‘evento”, no lugar de uma exposição, apresentando soluções encontradas em diversas partes do mundo para questões que dizem diretamente respeito à sustentabilidade ambiental.
Ao propor o fim das ditas inovações – o lançamento de novos produtos a cada 3 minutos, como ocorreu em 2007 – Thackara convida designers a pensarem as medidas para medir o impacto ambiental das empresas e a traduzi-las. Também convida a estabelecer modos de vida – da infra-estrutura ao consumo cotidiano, em que haja menos objetos e em que antigas práticas encontrem novamente seu lugar, repaginadas na contemporaneidade.
O próprio restaurante do pavilhão, chamado Cantina 80km serviu refeições e bebidas cuja matéria-prima não distava de mais de 80 km do centro de Saint Étienne. A cantina também mostrou formas de armazenamento de alimentos que reduzem a necessidade de gastos energéticos, tal como um armário de terracota, com propriedades de resfriamento para manter frutas e verduras.
O próprio transporte das mercadorias foi feito pelo serviço dos chamados Couriers verts ou mensageiros verdes da cidade, que se deslocam de bicicleta
Um bairro da cidade se tornou uma espécie de laboratório ambiental, com um sistema de coleta de águas pluviais, e aproveitamento da água em sistemas que evitam desperdício. Além disso, propôs-se o aproveitamento de um rio subterrâneo, que a cidade enterrou. Na superfície, um jardim artístico simboliza a atividade da infra-estrutura e funciona como ponto de encontro das aassociações ambientalistas.
Várias escolas foram convidadas a pensar a questão da energia, suas fontes, o modo de utilizá-la, a aquisição de informações pelos usuários.A City Eco Lab reuniu, além disso, produtos e serviços, experiências, bancos de dados de novos materiais de muitas partes do mundo, com o objetivo de se tornar uma incubadora do chamado ctizen-co-design, ou seja, o design baseado na colaboração entre cidadãos.
PS: Interessante observar que uma das experiências mostradas foi de um jardim/pomar na laje dos prédios, em Guangzhou, China, uma espécie de laje jardim corbuseana...
|
|