Consolidar-se como profissional de design hoje em dia não é tarefa fácil. E é ainda mais complicada a situação dos designers freelancers. Há algumas décadas o limitado conhecimento da profissão por parte significativa dos empresários era a principal barreira enfrentada pelos designers. Hoje, devido à explosão de cursos técnicos e de graduação, o consequente aumento do número de profissionais e a entrada no mercado de trabalho de grande número de formados todos os anos, apresentam um novo e importante desafio aos designers: destacar-se. E é exatamente essa a questão principal de Vende-se Design, do designer Bruno Porto, publicado pela editora 2AB.
No entanto, para destacar-se, é preciso se conhecer, saber o que deseja, ou pelo menos ter uma boa ideia do tipo de trabalho que lhe dá prazer. Segundo Porto, essa é a questão inicial para inserir-se no mercado de trabalho. E esse é, justamente, um dos momentos mais difíceis para a maioria dos jovens profissionais, uma vez que, acostumados a desenvolver trabalhos de amplo escopo e que dialogavam com diversas áreas durante a faculdade, agora deverão focar em um campo de atuação mais específico. Apesar de não partilhar dessa visão de segmentação das atividades pelo mercado de trabalho, devo admitir que é necessária, uma vez que os recém formados levam certo tempo para se acostumar ao ambiente empresarial. Os freelancers, mais especificamente, precisam informar seus possíveis clientes de forma clara sobre o tipo de serviço que prestam e o receptor pode olhar com desconfiança um jovem profissional com várias habilidades que tomam por base apenas suas experiências acadêmicas.
Outros assuntos pertinentes são discutidos por Porto e pelos designers entrevistados como dicas de organização de portfólio com foco em determinados clientes, indicação de quantidades e métodos de exposição dos trabalhos, e uma questão fundamental aos profissionais de criação e que pode gerar dúvidas quanto à ética profissional do designer: as informações dos trabalhos e os créditos aos colaboradores.
Com a expansão da internet vimos o surgimento de comunidades online que possibilitam a divulgação de trabalhos, o conhecimento da produção de colegas e, principalmente, a facilitação do contato com possíveis clientes. Porém a exposição e interação permitida pelas mídias digitais abriram espaço para erros muito comuns sobre os quais Porto faz um alerta: a perda de foco e a mistura do universo pessoal e do profissional. Muitos acabam utilizando seus perfis do facebook, por exemplo, para expor trabalhos, mas permitem que os mesmos sejam comentados por amigos e conhecidos da rede, o que pode gerar comentários exagerados ou até mesmo constrangedores, que podem ser vistos de forma negativa por um potencial cliente. Por isso, Porto defende a participação em associações de design locais e nacionais como a forma mais segura e interessante de divulgar seu trabalho e conhecer o dos demais. Além de proporcionar o diálogo sobre questões relacionadas à prática profissional.
Devido às questões que discute, Vende-se design torna-se interessante aos recém-formados e sem experiência em lidar com clientes. É um livro que tem como proposta preencher, mesmo que de forma inicial, uma lacuna existente em grande parte dos cursos de design no Brasil, a necessária preparação do profissional autônomo para o mercado de trabalho.