Ano: II Número: 17
ISSN: 1983-005X
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Ikea, design para todos

‘A forma estética está aqui pra todos. E não apenas para o museu!’

A citação do catálogo do Ikea de 1979 afirma programaticamente a estratégia de design do Ikea, empresa do sul da Suécia que, desde 1948, se transformou de pequeno negócio de um único dono em uma das maiores lojas de móveis do mundo e que deu a forma ao chamado ‘design democrático’. A Neue Sammlung – O Museu Internacional de Design de Munique - é o primeiro museu a apresentar o tema na Pinakotheke der Moderne. Aberta em abril, a mostra vai até 12 de julho.

Para o Ikea, o design é um dos fatores centrais para a realização da idéia de mobília funcional e bem desenhada, acessível à maioria. Entre os conceitos que estão por trás dessa linha de pensamento está a noção de ‘Beleza para todos' de Ellen Key (1899) , que, por sua vez, tem suas raízes nos movimentos reformadores do século XIX e do Modelo Sueco de uma sociedade moderna e aberta às questões familiares e sociais.

Um aspecto decisivo desta estratégia foi o desenvolvimento de uma linguagem específica da forma  e um leque de produtos que combina diferentes direções do design: de um lado, o modernismo sueco, com  sua predileção pela madeira, superfícies naturais e formas orgânicas; de outro lado, os movimentos internacionais como o flower power, os modelos dos anos ’60, a Democracia vinda de baixo ou mesmo o pós-modernismo.

Uma das características da empresa é sua ligação com tudo aquilo que é tipicamente sueco, que se manifesta na casa de campo, projeto inspirado por tradições natais – como nas aquarelas de Carl Larsson do século XIX e também o trabalho experimental dos jovens designers.


(Material enviado pela curadora Corina Roesler, da Pinakotheke der Moderne de Munique.)


Comentário de Ethel Leon:

É importante identificar no Ikea algumas estratégias, capazes de popularizar móveis e utensílios numa sociedade cujos níveis de desigualdade sejam semelhantes aos escandinavos (diferença de 7 vezes entre o maior e o menos salário).

Uma dessas estratégias é reduzir os custos de estoque, transporte e mão de obra, inclusive na montagem dos produtos, que passa a ser realizada pelos compradores/usuários finais. A mesma estratégia fez parte da contribuição de Michel Arnoult (Mobília Contemporânea) no Brasil na mesma época e aqui se restringiu a uma pequena classe média ilustrada.

Uma das formas de o Ikea não 'errar' em seus lançamentos foi a adoção de modelos já consagrados. Os designers que projetam para o Ikea raramente se lançaram a vôos muito altos, preferindo adaptar formas largamente conhecidas.

Hoje o Ikea vem sendo acusado de ter-se rendido à lógica global de produzir a baixo custo em países onde a mão de obra é barata e também de não primar pela qualidade técnica do que vende, além de ter adotado a sazonalidade do mundo da moda. Difícil, no entanto, imaginar uma gigantesca empresa multinacional capaz de manter-se fiel à cartilha do design como disciplina ética.

 


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