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Design de ideias prontas
Denilson Cordeiro
O livro Cartas a um jovem designer – do manual à indústria, a transfusão dos Campana, apesar do título, é, na verdade, um memorial da carreira dos chamados Irmãos Campana. E o leitor não encontrará qualquer carta neste livro. Nem verá influências, referências ou vestígios, ainda que longínquos, da obra Cartas a um jovem poeta, de Rainer Maria Rilke, que inspirou o título da coleção Cartas a um jovem..., da Editora Campus.
Teria um título menos inconveniente se, por exemplo, se referisse à obra de Balzac: A comédia humana, com o subtítulo: Estudos da vida privada. Embora aí pudesse fugir aos interesses imediatos do suposto “público-alvo”: jovens designers. Mas visto que do título efetivo só a palavra “Campana” se relaciona com o conteúdo do livro, deixemos de lado esses detalhes.
Procurei comentar o livro, não de maneira direta, mas permitindo, por uma seleção de excertos (1), que os próprios autores apresentassem uma amostra do tratamento que dão aos assuntos tematizados. A sugestão da forma veio de um escritor brasileiro chamado Sérgio Porto, cuja obra Febeapá 1, 2 e 3, da antiga editora Sabiá, de Rubem Braga e Fernando Sabino, apresentava um apanhado de idéias, notícias e opiniões políticas, econômicas e culturais recolhidas nos principais jornais brasileiros durante a segunda metade da década de 1960.
Diante do que segue, toda explicação parecerá inócua. Fique o leitor, pois, com uma súmula das ocorrências mais emblemáticas que pude recolher sobre o pensamento dos autores desta obra. Cada um poderá, assim espero, exercitar seu próprio discernimento e formar juízo sobre “a transfusão dos Campana”.
"Eternos caipiras sem vergonha de nos mostrar como somos."
[Irmãos Campana, Cartas a um jovem designer, p. 149]
Princípio narrativo:
"Temos horror a regras, catecismos ou receitas. Então, não espere encontrar aqui um manual de como se comportar ou do que fazer. Preferimos contar nosso percurso para, por meio dele, transmitir a você algumas reflexões que foram surgindo ao longo do caminho e que, esperamos, possam ser úteis para você inventar sua própria história." (p. 4)
Regras, catecismos e receitas:
"Uma parte da profissão é ter disciplina, entregar no prazo, responder prontamente à medida que as questões vão surgindo." (p. 49)
"É desejável estabelecer vínculos de fidelidade com eles [os fornecedores], pois assim se conseguem melhores preço, qualidade, constância de abastecimento e agilização na entrega." (p. 50)
"(...) seu trabalho não envolve só competência mas também o amor com que vai fazer aquilo." (p. 50)
"Antes de contratar, você precisa ter certeza de que vai poder honrar seu compromisso e pagar direito." (p. 50)
"Nós sempre pagamos primeiro aos empregados e aos fornecedores, e depois vinha a nossa retirada." (p. 50)
"Com qualquer pessoa com a qual a gente se relaciona (...), procuramos ter uma atitude correta, que começa pela pontualidade." (p. 50)
"Se surge um problema e a gente vai chegar mais de dez minutos atrasados, é preciso ligar." (p. 51)
"É essencial ter o vocabulário para falar com a indústria." (p. 51)
"O bom empresário é aquele que sabe delegar e se cercar de pessoas competentes em postos-chave, sabe criar uma rede de parceiros, articular todo o sistema que faz um produto." (p. 61)
"Um criador tem de ser curioso para novos desafios" (p. 67)
O sucesso não acontece por acaso:
"Uma noite, sonhei que era engolido por uma espiral. No dia seguinte, o barco foi sugado por um redemoinho, meu colete abriu e todo mundo conseguiu flutuar, menos eu, que caí no redemoinho. Por um momento, uma eternidade, achei que ia morrer, mas consegui sair. Esse episódio trouxe um ânimo novo à minha vida. A partir dele, decidi que devia embarcar com tudo na coerência com a loucura da criação. No dia seguinte, desenhei uma espiral num papel. Ao chegar a São Paulo, peguei uma chapa de ferro bem grossa e com um maçarico cortei uma cadeira com uma espiral em positivo no encosto." (p. 30).
"O sucesso não cai do céu, mas é construído passo a passo" (p. 52)
Horóscopo de ocasião:
"O resultado foi uma exposição maravilhosa, que recebeu o sugestivo e provocador (sic) título de Des-Confortáveis, realizada em 29 de junho de 1989, dia de São Pedro, data escolhida dentro dos cálculos de astrologia da Adriana e de numerologia de Maria Helena." (p. 31).
To be or not to be:
"Se recebemos um convite, respondemos sim ou não." (p. 51)
Imperativo categórico:
"Se não quer que aconteça com você, não faça com o outro." (p. 51)
O melhor dos mundos possíveis:
"No início de um projeto, o ideal é que o designer esteja livre para pensar, para criar." (p. 51)
Epistemologia gástrica:
"Somos intuitivos, sentimos as coisas pelo estômago, e, se uma pessoa nos trata bem, abre-se um canal que desemboca na vontade de querer dar o melhor." (p. 61)
Unir o útil ao agradável:
"A diversificação do tipo de projeto amplia o olhar e também segura a onda quando algum filão não está num bom momento de mercado." (p. 72)
Conhece-te a ti mesmo:
"Eu, Humberto, (...) tiro meu alimento da inquietação da necessidade de trazer algo novo para minha alma." (...) Quando tenho uma ideia, simplesmente anoto em um caderno, em um guardanapo de restaurante, para não esquecer" (p. 76)
"Eu, Fernando, tenho uma postura diferente (...), tenho um lado de preguiçoso-esperto, prefiro o caminho mais fácil e eficiente, sem grandes sofrimentos." (...) Para usar um termo técnico, eu sou projetista; adoro fazer direção de arte, escolher, selecionar, editar a coleção, construir um processo, pensar de forma industrial." (p. 77)
Treinamento mental:
"Passar a fazer projetos de arquitetura nos ajudou a treinar o trabalho mental" (p. 78)
Quem não tem cão...
"Ajuda saber desenhar, mas não é imprescindível. (...) Mais tarde, quando estiver estabelecido, pode contratar alguém que faça isso." (p. 79)
Extra, extra:
"Um momento difícil para todos nós [da equipe] foi a explosão que ocorreu no estúdio em 2005, provocada pelo vazamento de gás da casa da vizinha. Quando o Dorival chegou de manhã para trabalhar, foi acender o fogão para fazer café e houve um estrondo: o teto caiu em cima dos móveis, o acidente foi tão feio que apareceu na televisão. Houve um renascimento depois disso, tal qual a fênix renascendo das cinzas. " (p. 81)
Ampliar horizontes:
"(...) mesmo quando se faz apenas o (design de) produto, é preciso ter uma compreensão do ambiente." (p. 67)
É preciso olhar para além do produto ou componente, sem preconceitos, ou seja, sem conceitos pré-formados." (p. 86)
Teoria da evolução:
"Muitos criadores brasileiros pararam no modernismo, não evoluíram a partir daí, e essa é uma postura acomodada." (p. 87)
Como assim?
"Há uma responsabilidade ambiental no ato de criar, e todos nós designers temos que assumi-la." (p. 95)
Sexo, drogas, rock'n roll e... o grilo falante...
"Há de se considerar, assim, a dimensão ética da atuação de cada um de nós. Há certos princípios que vêm da educação, de os pais darem um chão firme onde há uma distinção entre o que é bom e o que é ruim. Sem isso, tudo se torna possível, banalizam-se o sexo, a droga, a violência, a bebida, o relacionamento profissional. Mas, à medida que se introduz a ética no dia-a-dia, surge o pensamento de fazer algo ruim, o Grilo Falante (sic) do Pinóquio fica logo mandando outras mensagens." (pp. 99-100)
Lições de economia:
"(...) no preço está embutido o tempo de gestão e de amadurecimento de uma ideia." (p. 103)
Design da destruição:
"Massimo [Morozzi] vem muito ao Brasil. Já o levamos a Brotas e a outros lugares de que gostamos, como o porto e os edifícios "torre de Pisa", inclinados, de Santos. Uma vez fomos juntos com ele a uma favela que havia acabado de ser destruída por um incêndio; dessa visita nasceu o projeto de produção seriada da cadeira Favela. Quando o levamos a Brotas, nossa mãe não apareceu porque estava deprimida e não quis conversar; ele achou o máximo." [sem trocadilhos!] (p. 110)
Um designer prevenido vale por dois:
"Um cuidado que deve ser tomado, este sim, é recortar e guardar toda a documentação da mídia sobre o seu trabalho, para se defender de uma eventual acusação de plágio." (p. 112)
Marketing pessoal
"Você precisa mostrar que existe, o que pensa, mandar material, demonstrar profissionalismo." (p. 115)
"É muito importante criar vínculos de longo prazo com os jornalistas e curadores." (p. 119)
The Oscar goes to...
"Fomos aplaudidos de pé." (p. 123)
Pedagogia Campana:
"(...) os pressupostos da boa escola são abraçar a pluralidade, ter coração aberto para as diversas vertentes do pensamento e ser um lugar que os alunos tenham prazer de frequentar. Mas todas as escola valem a pena." (p. 127)
Querer não é poder:
"Não adianta querer ser o que não é" (p. 131)
Filosofia:
"Todos nós seres humanos temos naturalmente momentos de expansão, quando estamos felizes, e momentos de maior interiorização, quando precisamos processar alguma coisa." (p. 132)
Heurística:
"É preciso contrapor também raciocínios, reinventar o que vinha sendo feito de um jeito para tentar algo totalmente diferente." (p. 88)
"(...) o espírito do criador precisa da sombra para enxergar a luz e daí alcançar o equilíbrio; precisa refletir, olhar seu percurso." (p. 132)
Ir e vir:
"É muito bom viajar, mas é muito bom também voltar." (p. 143)
Bairrismo
"Não queremos nem sair do nosso bairro, Santa Cecília, que para nós é como uma cidade do interior. (...) A quem nos pergunta se São Paulo é feia, respondemos que sim, é feia, mas logo emendamos: é feia, mas é bonita também." (p. 145)
Aquecimento global:
"O mundo caminha para a fusão; desenvolveu-se enfim a consciência de que não adianta estarmos separados." (p. 149)
Inseminação lingüística:
"para nós é importante esse cruzar de linguagens" (p. 69)
Produção ideológica:
"Somos produtores de ideias, não de mercadorias" (p. 105)
(1) Feita à exaustão, a coleta de todos os trechos não seria sem interesse e certamente poderia compor parte significativa de um verdadeiro Dicionário de ideias prontas, à maneira de Bouvard e Pécouchet, de Gustave Flaubert. Deixo a sugestão, no entanto, aos espíritos mais vorazes e às disposições mais contumazes.
Denilson Cordeiro é professor de Filosofia na Facamp. <denilsoncordeiro@facamp.com.br>
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Comentários
André Lacerda
30/09/2009
Achei os comentários de bom grado e acho que devemos discutir aqui a produção literária e as obras dos irmãos; tendemos a facilmente confundir o trabalho com o pessoal como se criticar o trabalho fosse uma critica a pessoa. Bom colocado isso resolvi expor a minha humilde opinião, sou desenhista industrial e não consigo mais me nomear como designer porque a palavra já não cabe mais em si, se misturou a muita coisa e perdeu a i-d-e-n-t-i-d-a-d-e. Não vou entrar na questão do que é design no Brasil, mas simplesmente relembrar que todas profissões tem uma missão central, que reflete uma necessidade societária básica e que o profissional se sente comprometido a realizar. Se dissermos que a produção dos irmãos campana são obras de design, o que as difere então da arte? Qual a missão diante da sociedade do tal design? Digo a vocês o desenho industrial é capaz de produzir valor a produção humana, dando a ela autonomia e principalmente I-D-E-N-T-I-D-A-D-E, é isso o que nos faria competir com a China, é isso que nos faria almejar e consumir o que realmente nós precisamos como Brasil e é isso que faria com que dessemos valor ao que é produzido dentro do país sem haver transoceanismo e sem precisar que isso seja reconhecido na Europa primeiro para que então vejamos algum valor. E agora falando como brasileiro, eu não sinto que o design dos irmãos campana me reflita a não ser que nós brasileiros sejamos assim como as obras dos irmãos uma beleza inútil, ou talvez sim, sejamos Brasil terra do Carnaval? Deixo a vocês a pergunta. O que precisamos e talvez não seja demasiado repetir é IDENTIDADE, para o Design, para o Brasil e para as Prórprias opiniões. Cresçamos juntos com opiniões diversas e não se sobrepondo. Não tenho a visão linguística do professor Cordeiro, mas digo mesmo sem ter tido a oportunidade de folhar a obra sobre os Campanas, que hoje deixou de se pensar o design para simplesmente vende-lo, como muito se faz no próprio ramo se desenha depois de ter o produto pronto. Não é assim que tem que ser.
Denilson Cordeiro
25/09/2009
O que está em jogo na discussão sobre o livro dos irmãos Campana são realmente as idéias deles contidas no livro que assinam. E não é porque eles são principalmente designers que não se poderia analisar com proveito as manifestações deles de outra natureza. Está claro que assinar um livro não é exatamente como assinar um outro objeto qualquer. Como não sou designer, não teria competência para avaliar a produção, digamos, material deles. Por outro lado, as idéias expressas no livro se prestam muito bem a uma crítica de um ponto de vista filosófico. Mas sequer foi isso o que meu comentário pretendeu fazer. Porque, dentre outras coisas, dado o conteúdo do livro, bastava citar trechos ipsis litteris para qualquer um notar como pensam (e escrevem) os designers em questão. E se para algum leitor ou leitora fosse importante saber o que pensam esses designers inegavelmente de sucesso, então, nesse caso, o comentário poderia fornecer subsídios para julgar se o livro merecia ou não s er lido. O meu comentário, no entanto, supõe que haja um vínculo estrito entre valores morais e produção de valores materiais. Pretendi deixar exposta uma significativa amostra dos primeiros, o que, no meu juízo, significa que uma obra de design precisa ser mais do que meramente bonita e badalada para que alguém a admire, porque, sabemos, nenhuma cadeira, por exemplo, no final das contas, tem mais valor do que o chão no qual ela se apóia.
Agradeço aos autores dos comentários aqui publicados e espero que, ainda que dissonantes as idéias, o debate seja sempre pautado pelo respeito, pela civilidade e pela tolerância.
Enrique Barbosa
25/09/2009
Lúcia, de novo você baixa o nível da discussão me chamando de machista. Não é nada disso , eu estou argumentando. Se você se chamasse Lúcio eu ia dizer a mesma coisa.
1- você disse no seu primeiro comentário que os Campana dizem coisas interessante. Onde estão elas, mostre para nós?
2- no segundo comentário você diz que o que eles fazem é que é bom. Mas o resenhista não falou do que eles fazem, falou do livro. Duvido que o professor Deneilso (que não conheço) tenha inveja dos Campana. Ele é professor de filosofia, a preocupação dele é com o discurso.
Deixo a sugestão para os editores analisarem os projetos dos Campana, quem sabe você própria, Lúcia, faz isso? analisar seria bom, porque em geral o design só é mostrado com fotos e elogios (faz sucesso lá fora), como se isso fosse argumento!
Lúcia de Benedetti Soares
24/09/2009
Prezado Enrique, porque tanta agressividade? Essa sua atittude de desqualificar minha opinião é bastante "machista". Mas vamos ao que importa: os Campanas e os comentários do professor Denilson. Entendo que a retórica dos irmãos está aquém do seu trabalho de design, que aliás tem sido muito apreciado até no estrangeiro, o que é bom para o país. Então precisamos olhar sua produção como "designers" antes de tudo, e é inegável que é uma produção muito inovadora. E concordo com a leitora Isadora: "o sucesso dos designers Campana não depende do livro que escrevem!"
Enrique Barbosa
24/09/2009
Seria bom que a colega Lucia Benedetti provasse as coisas interessantes que os irmãos Campana disseram. Agora acusar um pensamento com a calúnia da inveja é uma baixaria sem tamanho e nada acrescenta ao debate.
Lúcia de Benedetti Soares
21/09/2009
Eu discordo totalmente do Enrique. O trabalho do designer é mesmo fazer design, inovar nas formas e isso os Campanas fazem de sobra. Acho que existe muita inveja do sucesso da produção dos irmãos. Os comentários do professor podem ser sarcásticos e até engraçados, mas os Campana falam coisas interessantes sim.
Enrique C. Barbosa
20/09/2009
Os irmãos Campana se revelaram c ompletamente nesse livro. Não o li, mas ao ver o texto da resenha, principalmente o caso da favela, vejo que os irmãos não são verdadeiros designers. Se fossem , o incêndio da favela os levaria a projetar abrigos, a repensar as possibilidades de reconstruir as casas . Jamais uma tragédia humana, para um verdadeiro designer, seria o motivo de uma criação a ser vendida a milhares de euros...Também não creio que sejam artistas os que torturam animais em galerias. Falta ética (e espero que o professor Denilson não creia que estou fazendo idéias prontas) na atividade dessas duas celebridades.
Isadora Cristina
20/09/2009
Não há dúvidas de que o resenhista foi muito feliz ao escolher o seu método de resenhar, pois sem ser neutro - já que o simples fato de selecionar passagens do livro demonstraria, por si só, muito claramente, o que se pretende mostrar - teve o mérito de deixar os autores falarem por si próprios. A questão aqui, portanto, parece ser menos a de se os irmãos Campana são ou não escritores do que o quê eles escrevem e porquê escrevem; afinal, todos aqueles que publicam um livro não apenas expõem nele suas lembranças, suas idéias ou seus projetos, mas, principalmente, SE expõem totalmente em tudo isso! Enfim, parabéns ao Denilson Cordeiro pela competência e pela originalidade de sua resenha, a qual, justamente por deixar o livro falar por si mesmo, põe em evidência, afinal, o que realmente importa. De resto, e aproveitando o gancho do comentário abaixo, ainda bem que o sucesso dos designers Campana não depende do livro que escrevem!
Aaron de Almeida
19/09/2009
Se algum escritor se meteu a projetar cadeiras ou prateleiras, ele foi inteligente o bastante para não publicá-las, muito menos se gabar de \"assinar\" um objeto. Já os depoentes do livro... Mas não se aborreça com o comentário do professor, o sucesso deles não depende do livro, menos de que alguém os \"defenda\"...
Paulo Guzzino
19/09/2009
Os irmãos Campana não são escritores, apenas designers que alcançaram muito sucessos. Não se pode cobrar deles grandes escrites. Muitos grandes escritores não são capazes de projetar uma prateleira de canto!
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