Quando Descartes falava de arte nas suas "Regras para a Direção do Espírito", escritas em 1628, o filósofo não se referia apenas ao que hoje chamamos de artes plásticas, literatura, música e teatro. Ele falava daquilo que exigia a técnica e que poderia ser a agricultura, por exemplo. Preparar a terra também era espécie de arte.
Um século depois, Kant delineou melhor esse terreno da arte, quando resignificou a palavra estética. Usada até então para falar da nossa sensibilidade, estética passou a dizer respeito à filosofia da arte, ao campo do sentimento do belo.
Talvez os dois pensadores se remexam no túmulo, mas o tema que me fez lembrar deles foram estes desenhos nas plantações de arroz japonesas. É engraçado como alguns séculos depois, em um momento em que a arte não é mais associada à atividade de arar a terra, mas seu campo ainda é muito discutível, surjam plantações que são ao mesmo tempo enormes desenhos a céu aberto.
Os campos de arroz tem faixas pretas e brancas, que formam grandes desenhos de guerreiros orientais. Para quem vê de perto não há nada, mas nas fotos tiradas de longe, surgem desenhos nos campos verdes. De alguma forma, arte e agricultura voltaram a ficar juntas. Não era de se esperar outra coisa daqueles que já haviam feito até melancias quadradas e sem caroços!
Arte nas plantações de arroz do Japão

Olhando para a foto acima ninguém consegue imaginar que se trata de uma imensa obra de arte ao ar livre.
Com a chegada do verão algumas plantações de arroz no Japão ganham um colorido todo especial. A comunidade de agricultores de Inakadate, na província de Aomori é uma das mais conhecidas por produzir os trabalhos mais impressionantes desta combinação de arte e agricultura.
Esse resultado é conseguido plantando mudas de folhas de cores diferentes que vistas a partir de uma determinada altura, transformam-se em lindos quadros nas plantações de arroz.
Veja as fotos da safra 2009 em Inakadate.













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