Ano: III Número: 26
ISSN: 1983-005X
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Agricultura como arte

Natália Leon Nunes

Quando Descartes falava de arte nas suas "Regras para a Direção do Espírito", escritas em 1628, o filósofo não se referia apenas ao que hoje chamamos de artes plásticas, literatura, música e teatro. Ele falava daquilo que exigia a técnica e que poderia ser a agricultura, por exemplo. Preparar a terra também era espécie de arte.

Um século depois, Kant delineou melhor esse terreno da arte, quando resignificou a palavra estética. Usada até então para falar da nossa sensibilidade, estética passou a dizer respeito à filosofia da arte, ao campo do sentimento do belo.

Talvez os dois pensadores se remexam no túmulo, mas o tema que me fez lembrar deles foram estes desenhos nas plantações de arroz japonesas. É engraçado como alguns séculos depois, em um momento em que a arte não é mais associada à atividade de arar a terra, mas seu campo ainda é muito discutível, surjam plantações que são ao mesmo tempo enormes desenhos a céu aberto.

Os campos de arroz tem faixas pretas e brancas, que formam grandes desenhos de guerreiros orientais. Para quem vê de perto não há nada, mas nas fotos tiradas de longe, surgem desenhos nos campos verdes. De alguma forma, arte e agricultura voltaram a ficar juntas. Não era de se esperar outra coisa daqueles que já haviam feito até melancias quadradas e sem caroços!

Arte nas plantações de arroz do Japão

Olhando para a foto acima ninguém consegue imaginar que se trata de uma imensa obra de arte ao ar livre.
Com a chegada do verão algumas plantações de arroz no Japão ganham um colorido todo especial. A comunidade de agricultores de Inakadate, na província de Aomori é uma das mais conhecidas por produzir os trabalhos mais impressionantes desta combinação de arte e agricultura.
Esse resultado é conseguido plantando mudas de folhas de cores diferentes que vistas a partir de uma determinada altura, transformam-se em lindos quadros nas plantações de arroz.
Veja as fotos da safra 2009 em Inakadate.

 

 

 


Comentários

Renata Rubim
06/03/2010

Como designer de superfícies e há muitos anos pesquisando o interesse pela humanidade em se expressar através de vários meios, penso que os desenhos nas cavernas em épocas pré- históricas são, por exemplo, equivalentes aos grafites urbanos atuais. Serão essas intervenções na agricultura as equivalentes rurais?

Ethel Leon
03/03/2010

Prezado Alberto, Apesar de um de nosso sobrenome coincidir, Natália Leon Nunes é outra autora...e não eu. Espero que ela leia seu comentário e responda!

Alberto Cipiniuk
02/03/2010

Oi Ethel, Se entendi corretamente as suas palavras, o Vick Muniz é um grande artista. É isso mesmo? Ou será que a arte é outra coisa? Bom era isso, fico por aqui. Cordialmente, A.

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