A partir da segunda metade do século XX os tênis se tornaram presentes na vida de boa parte da humanidade. Quando migraram das pistas de corrida e das quadras de esporte para a vida social, tornaram-se uma declaração de adesão a determinado estilo de vida. Cada vez mais pessoas aderiram a essa moda depois que James Dean usou seus “sneakers” em Rebelde sem Causa (1955).
Assim como os tênis, as caixas também se tornaram onipresentes, embalando o sonho de milhares de jovens e não tão jovens assim. A fabricante de tênis Puma percebeu que essas embalagens geravam toneladas de desperdício todos os anos e resolveu agir. Procurou o designer suíço Yves Béhar do FuseProject (www.fuseproject.com) para dar conta do problema. Depois de três anos, 2 mil ideias e mais de 40 protótipos chegou à nova embalagem: a caixa-sacola clever little bag.
A direção da Puma afirma que, a partir da segunda metade de 2011 quando serão produzidas, a clever little bag irá reduzir anualmente a emissão de dióxido de carbono em 20 mil toneladas, economizar 8.500 toneladas de papel, 20 milhões de megajoules de eletricidade, 1 milhão de litros de água, além de reduzir a dependência de 29 milhões de sacolas plásticas e de combustível para o transporte uma vez que são mais leves que as caixas tradicionais. Parece que dessa forma o projeto deve atingir os seguintes objetivos de redução colocados pela empresa:
25 por cento nas emissões de CO2
25 por cento no uso da água e energia
25 por cento de resíduos
75 por cento no uso de papel
Tão presentes no nosso dia-a-dia, os calçados com solado de borracha chamados plimsolls, surgiram ainda no século XVIII. Eram bastante rudimentares e desconfortáveis uma vez que não havia diferença entre pé esquerdo ou direito. Apenas no final do século XIX a U.S. Rubber Company, que então já importava borracha mais barata da Ásia e não mais do Brasil, criou um calçado também com solado de borracha e lona. Surgia aí o Keds que, moda vai, moda vem, ressurge para uma nova rodada de sucesso e esquecimento.
Depois de 1924, quando o alemão Adi Dassler criou a Adidas, a partir de seu próprio nome, os calçados esportivos se internacionalizaram – não havia ainda o termo globalização naquela época. Hoje são oferecidos em uma infinitude de modelos, cores, estilos e calçam os pés das pessoas nos momentos de lazer, de trabalho e até chegam a ocupar espaço em eventos sociais em companhia de ternos ou vestidos de festa.
Esse projeto faz parte de uma iniciativa de sustentabilidade a longo prazo da Puma, que se colocou objetivos a serem atingidos em 2015. À parte os benefícios ecológicos da nova proposta e, não nos esqueçamos, econômicos para a Puma, a possibilidade de trabalhar durante três anos no projeto revela um dos paradoxos do mundo contemporâneo. Por um lado, as pressões do tempo, sempre escasso, por outro a necessidade de amadurecimento do projeto, da busca de alternativas e da eleição da melhor solução, que demanda tempo. Poucos designers hoje podem contar com o privilégio de Béhar na busca da resposta mais adequada às questões apresentadas aos designers.
Mas como é que o “gatuno” entra nessa história? Simples: esses calçados esportivos receberam o apelido de sneakers (gatunos), devido ao fato de a borracha fazê-los silenciosos e portanto...