Ano: III Número: 31
ISSN: 1983-005X
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Nota sobre a vergonha

Ethel Leon

Bastou anunciar e se formou bafafá internauta: a marca produzida pela agência África para a Copa do Mundo de 2014 ganhou unanimidade negativa, próxima àquela da voz do locutor esportivo Galvão Bueno na televisão.  

A marca é feia, é  mal construída, desajeitada, perece Chico Xavier, ou, como bem atinou Alexandre Wollner, lembra a atitude corriqueira de ...vergonha, mão no rosto. A tipografia rabiscada é lamentável, a marca não parece passível de se desdobrar, uma das mais graves faltas do futebol é colocar as mãos na bola ...a imagem parece gesto de handball, ou pior, plágio da marca da Federação Internacional de Basquete. Enfim, coisa mal feita, impensada, atroz. 

Além das manifestações de torcedores do futebol, o meio dos designers se pronunciou, timidamente, em geral, respondendo a questões provocadas por repórteres. O veterano Wollner, do alto de uma das carreiras mais longas e consistentes do país, fala com   autoridade moral, esbravejando não só contra o resultado da marca, mas contra o processo e seus atores. E mais: demonstra como essa cultura do não design e , sobretudo, da ausência da construção de um campo discursivo próprio do design brasileiro, vem transformando grandes marcas ou grandes possibilidades de marcas em coleção de pequenos e grandes horrores. 

“Uma empresa aérea do porte da TA M ter uma marca como um pterodáctilo; a grande companhia coma a Vale do Rio Doce ter transformado sua marca num cone de sorvete e a rede de supermercados Pão de Açúcar ter uma montanha transparente em seu visual”, aponta Wollner , “ tudo isso mostra que o Brasil perdeu o bonde do significado visual...A CBF não é instituição, não é agência governamental, não está sujeita a qualquer controle externo, então, aí é que imperam sinais aleatórios,  com o significado que cada um quer atribuir...”

Para Wollner, um designer digno desse nome jamais teria aceitado a própria tarefa de fazer uma marquinha. Trata-se, no caso da Copa, de criar um sistema inteiro, em consonância com a arquitetura, os planos urbanísticos etc. “Foi o que Otl Aicher fez na Alemanha, para as Olimpíadas de 1972, conta Wollner. “Quando se decidiu que as Olimpíadas seriam em Munique, o governo encomendou – como a CBF – uma marca. E Aicher estrilou. Sua veemente crítica ao processo fez que o comitê olímpico alemão lhe atribuísse o papel de coordenador da equipe encarregada da construção de todos os aspectos que envolvessem arquitetura e design do evento. Foi um trabalho de seis anos. Era isso que tinha de ser feito aqui”, diz. 

A questão da marca da Copa envolve algumas discussões além da própria marca. A designer Bitiz Aflalo fez incômodas perguntas a esse respeito: “Esgotamos as representações simbólicas ou os gestores não sabem definir as competências dos processos de criação de uma identidade visual?"

Para Wollner, caberia a uma equipe capitaneada por designer a tarefa da construção da identidade visual da Copa. “Publicitário não sabe fazer isso”, vaticina, “eles podem cuidar de propaganda e de publicidade, do efêmero...” 

A posição de Wollner marca uma defesa corporativa da profissão. É certo que ninguém pediria a um publicitário para decidir o diagnóstico de uma doença ou para operá-lo. Está fora de questão que os médicos, como alguns outros profissionais construíram um poder próprio, baseado na sua expertise e que só pode ser julgada por seus próprios critérios. 

E os designers brasileiros? Conseguiram constituir campo autônomo, independente da publicidade e do marketing, um campo reconhecido, em primeiro lugar pelos próprios designers, quanto a seus saberes? Existe esta legitimidade da qual fala Wollner, que dá aos designers um poder de defender sua prática, seus instrumentos de trabalho?

 

Saber próprio

A designer Priscila Farias fez isso, ao ser entrevistada pela Uol, recorrendo aos saberes próprios da tipografia. Afastando-se prudentemente das questões de gosto, ela procurou demonstrar os erros da marca, como sua leitura será deturpada com reduções. Ou seja, afirmou que na construção de um símbolo, mesmo tomado isoladamente, há um saber em jogo.

Os designers, suas instituições (escolas, revistas, editoras, centros culturais, museus etc.) conseguiram trilhar algum caminho de autonomia com relação a profissionais próximos (como arquitetos, publicitários, comunicólogos etc.)? Conseguiram construir discurso capaz de demonstrar as necessidades específicas de sua atuação?

A postura de Priscila Farias, como designer e professora universitária é a de defender a especificidade do conhecimento necessário para o exercício do ofício de designer. E se há um ofício compartilhado, haverá de existir uma representação.

 

A inação da ADG

Outro aspecto que salta aos olhos no debate sobre a marca da Copa 2014 é a representação profissional. A Associação dos Designers Gráficos (ADG) foi convidada pela Fifa para, segundo nota oficial da Associação, “ajudar a organizar e divulgar um processo de seleção nacional para o Emblema Oficial da Copa 2014”.

Nesse processo, a CBF escolheu dez escritórios de design, pedindo que cada um entregasse 5 marcas. Dois meses depois, os escritórios receberam comunicado de que nenhuma das propostas fora satisfatória e, com isso, a Associação se retirou da parceria com a CBF.

Em seu site, a entidade representativa dos designers gráficos declara que “por decisão da Fifa a ADG Brasil foi excluída do que, ao que entendemos, foi um novo processo de seleção, independente daquele no qual tivemos envolvimento e conhecimento. Desde este momento não temos mais nenhuma participação ou qualquer conhecimento sobre o processo”.

E arremata, em nota divulgada em 10 de junho que “Não iremos nos pronunciar sobre as informações divulgadas até o momento, pois estas, não oficiais até aonde sabemos, podem não refletir a realidade sendo no momento nada mais que especulação.”

Como entidade que quer se consolidar como representante dos designers gráficos no país, e que endossou o pedido da Fifa, era de esperar que a Associação tivesse se manifestado com mais presteza e em tom mais enérgico. É o que declararam a esta escriba muitos titulares de escritórios de design, que preferem não ver seus nomes envolvidos na polêmica.

Talvez aí resida um dos problemas. Exceção feita a Wollner e a alguns colegas, raramente alguém do mundo do design se envolve para valer nesse tipo de discussão pública. É como se houvesse permanente queixa do uso (indevido) da palavra design; do não-reconhecimento social da atividade etc.., mas, nas horas cruciais, em que é preciso levantar bandeiras e enfrentar adversários, pouco ou nada se faz.

O Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) não deixa de se pronunciar sobre questões que envolvem diretamente arquitetura e urbanismo, caso das obras em vista da Copa e das Olimpíadas, como esta de 10 de julho, assinada pelo presidente da entidade, Gilson Paranhos:

“...Esses sistemas de infra-estruturas, sistemas de transportes, sistemas viários, vias, rodovias, metros, aeroportos, edificações, arenas, hotéis, alojamentos,etc…não são transitórios e passarão a fazer parte da vida, da paisagem e da funcionalidade de  nossas cidades . Assim devem ser projetadas como tal e integrados nas vidas  das mesmas para que não tenhamos “elefantes brancos” executados a “preços de ouro” totalmente desconexos dos diversos contextos das cidades de nosso pais.”

Ou seja, o Instituto chama para si a responsabilidade de dialogar com todos os atores sociais envolvidos nessas obras, sejam governos estaduais, municipais, federais; entidades privadas que jogam papel decisivo na contratação de obras etc..

 

O verde e amarelo

Por fim, mais uma questão que surge na discussão da marca. Continuaremos a falar sobre a questão da identidade brasileira como algo dado, natural? (o verde das nossas matas, o amarelo do nosso ouro...) Algo dado, mas que ninguém sabe exatamente o que é, na hora em que se diz não pode ser só indígena, não pode ser só Carnaval, não pode ser só afro...

Vamos ainda discutir o verde e amarelo como as cores brasileiras, sem contextualizar o momento de sua criação, o Estado nação do século XIX? Ou sua apropriação e reprodução em diferentes momentos dos séculos XX e XXI?

Que a Copa será realizada no Brasil e que o símbolo poderia abranger essa dimensão territorial, é fato. Dar conta da localização da Copa poderia ser a tarefa de um programa de identidade visual, que incluiria a marca. Esta seria a postura de enfrentar a especificidade de uma encomenda de tal monta, sem naturalizar qualquer de seus aspectos, o verde e amarelo entre eles. 

 


Comentários

Cláudio Portugal
10/09/2010

Concordo muito com este argumento do Cesar. Além de todos os aspectos conceituais e formais flagrantemente inadequados, a identidade visual da Copa de 2014 é algo estranho à gente, algo que nos foi imposto, em que a gente não se reconhece. Isso não é design! Saudações fraternas a todos! Cláudio

Rodrigo Figueiredo
26/08/2010

O logo da vergonha, assim definiu o Wollner. Vergonha talvez seja a forma como nosso governo encara a criação de logotipos de marcas, quem se lembra da Petrobrax, ou recentemente o concurso para escolha da marca da Anatel, nesse último caso a ganhadora teve sérios problemas nas reduções para aplicações diversas, é o pouco caso, se faz um concurso ou concorrência, só para dar alguma satisfação, mas que critérios foram utilizados, só Deus sabe, no caso da copa para um esporte praticado com os pés, a escolha das mãos foi porquê mesmo...?

Yvonne Sarue
24/08/2010

A retirada da ADG do campo de atuação e de decisão na escolha do logotipo da Copa 2014, priorizando agências de publicidade, nos aponta para a necessidade de um diálogo maior com as entidades representativas e com os profissionais da publicidade. Esses campos devem ser melhor definidos. É hora de pensar em estabelecer uma legislação que defina qual o campo de ação dos publicitários e qual é o nosso, dos designers. Podemos acusar a empresa que desenvolveu o logotipo de ter avançado em uma área para a qual não estava preparada, mas esse fato só nos mostra o quanto a ADG precisa se fortalecer junto à sociedade, ganhando espaço nas instâncias decisórias.

Sandra Regina Orsini
23/08/2010

Mesmo que já consumada a escolha do símbolo da Copa, o símbolo não tem cara de Brasil, de bola no pé que é a característica maior do esporte e identifica nossa nação em qualquer parte do mundo. A tipografia é pobre, parece não se encaixar com o todo. À imagem falta força, falta personalidade. Enfim, uma resolução lamentável que mais uma vez não teve a participação da sociedade para opinar por algo que lhe conferisse identidade em um evento de tamanha importância para o país.

Ana Cristina Paula Lima
04/08/2010

A marca não é ruim, mas...foi a melhor? Faltou transparência. Sem clubes fechados. Com o momento atual combinaria um concurso aberto para jovens talentos. Claro, e os múltiplos desdobramentos da aplicação marca a cargo de uma equipe de profissionais.

Ana Claudia Berwanger
04/08/2010

Quando eu falei em "fazer política" em meu post anterior eu estava me referindo exatamente à condução dada pela Adg ao problema. A Adg não é um escritório, e nem uma cooperativa de escritórios. Ela é uma associação de classe, e como tal, tem o papel específico de representar a classe em diversas situações e de diversas maneiras. Em outras palavras, a Adg é uma entidade pública envolvida num debate igualmente público, e neste caso, acredito que ela deveria dar satisfações aos seus associados, e mesmo à classe dos designers, a respeito do ocorrido. O artigo do Prof. João Leite sobre o tema, veiculado no site da Adg, é muito bom, mas não trata da questão fundamental, que é a condução da Adg desde o princípio. Pelo que posso acompanhar, permanece mal explicado o que aconteceu entre a Fifa e a Adg, desde o início até o fim do processo. Esses são os aspectos que interessam, e não outros. Quanto à identidade visual da Copa, não tenho a menor dúvida de que, de uma forma ou de outra, seremos bem apresentados ao mundo.

Eros Menezes Cabral
30/07/2010

Realmente esse logo foi uma verdadeira trapalhada. Concordo com a criação de um sistema completo de identidade visual. Não é apenas um \"faz um deseinho ai\" que fará o trabalho de representar o país e o evento. Acredito que o processo deveria ser o oposto: a instituição de um comissão de design que orientasse o desenvolvimento do sistema de identidade para que culminasse no logo, não simplesmente partir do logo e morrer na praia com ele. E por fim, achei lamentável e desrespeitoso a postura da CBF que tratou o caso de forma muito simplista.

Thales Aquino
27/07/2010

Acho de extrema importância a discussão, muito mais que a identificação de culpados nesse impasse sobre o NÃO DESIGN constantes na marca World Cup Brasil 2014. Há muito mais interesses que o simples aspecto público da marca. Não culparia a ADG pela inação como dito, a começar por seu papel quase ilegítimo de nossa representação. Quisera tratar deste episódio como alavanca para a legitimação da própria profissão de Designer: de como dialogar, consultar, conflitar idéias, pesquisar e principalmente pensar em SISTEMA e não em tarefas isoladas sejam tão importantes para se fazer design? Só assim menos publicitários, arquitetos e artistas plásticos encontraremos no caminho!

Ivo Sãez Polidoro
27/07/2010

Concordo com a Ana Claudia, a questão é mais política do que cultural. a Africa é a agencia escolhida, pois faz parte do grupo que tem as contas da Copa. É isso.

Ana Claudia Berwanger
23/07/2010

Concordo com os argumentos do artigo. Mas fico me perguntando se são suficientes, como explicações para o episódio, a cultura do não design, a ignorância dos gestores ou a inação da Adg. A julgar pelos Jogos Panamericanos ocorridos no Rio de Janeiro, não me parece que os nossos dirigentes esportivos sejam assim tão incautos a respeito do design, da identidade nacional, ou da comunicação em geral. Acredito que o problema é devido a situações muito mais profundas (e publicamente desconhecidas) do que fazem supor as aparências e as explicações dadas até o momento. É difícil aceitar que a Fifa simplesmente tenha "desistido" da parceria com a Adg. O que teria motivado esse rompimento? O que houve em seus bastidores? Quem ganha com isso? É bastante comum entre os designers a lamúria de que o empresariado e outras esferas que regem a economia não entendem de que trata o design etc etc. Mas será que é isso mesmo? Ou será que é preciso aprender com este episódio que os problemas do design não residem somente no campo da "cultura" (ou da falta dela), mas no campo da política (e neste caso, "política" em seu pior sentido)? Sendo assim, é preciso entender que "fazer política" (em seu sentido mais desejável) implica em bancar conflitos e sustentar posicionamentos, mesmo que isso envolva certos custos pessoais ou institucionais.

Marcello Montore
23/07/2010

O logo da copa 2014... uma vergonha total e absoluta. Todos os pontos levantados no texto são muito pertinentes. Todo o processo brasileiro pareceu completamente errado. Primeiro não cabe à ADG fazer qualquer seleção de designers ou portifólios direcionando o trabalho para este ou aquele escritório/designer privilegiado (por mais competente que seja) - se foi isso mesmo é exatamente esse comportamento arraigado de privatização da instituição representativa da “categoria”. Pode-se até dizer que caberia ao cliente elaborar o processo que ele julgue mais adequado (ainda que ineficaz e assumisse as consequências por isso), carta-convite, concurso aberto, concurso fechado – porém, nesse caso, a complexidade do assunto, que mescla imagem ‘pública’ e ‘ente’ privado, deva ser cuidadosamente pensado. Qualquer designer competente e mesmo iniciantes bem formados sabem que é um briefing bem elaborado que dá início ao processo de trabalho do profissional - ainda mais para um projeto dessa magnitude –, portanto não acredito que dê para falar de marca dissociado de um "processo de trabalho" que seja compreendido por todos os envolvidos. Portanto como se pode fazer um logo sem isso? É óbvio que ou o projeto está fadado ao fracasso, até por não envolver os avaliadores no processo. Os juízes, dessa maneira tornam-se distantes, mal informados sobre o processo e que, de maneira geral, se apóia exclusivamente na questão do gosto (pessoal) para avaliar um projeto dessa importância, sem levar em conta aspectos técnicos e funcionais. Um projeto que vai envolter uma miríade de aplicações não pode apenas ser pensado em termos de "logo" (ou pior... "logomarca") - e o sistema como um todo? E as aplicações? E a redução? E sua aplicação sobre imagens? Tudo isso sem sequer falar da semântica do logo. O pior disso tudo é.......... não tem "o pior", tudo está muito errado.

nelson graubart
23/07/2010

Mais sobre o logo da Copa 2014 Muito já se falou sobre o logotipo "Brazil 2014" para a próxima copa de futebol. Muitos "gosto" e "não gosto" (aliás, não ouvi nenhum "gosto"), Brasil é com S e não com Z, parece com isso ou aquilo, estão "metendo a mão", "Chico Xavier", está "cobrindo o rosto de vergonha", e por ai vai, isso sem falar no processo de seleção e de uma autoria não assumida. Quando se trata de marca de tão grande importância e visibilidade, isso não é novidade. Lembre-se dos comentários sobre a marca da Petrobrás quando quis virar Petrobrax, a da Vale que virou um funil, a da fusão da Sadia e Perdigão que se transformou numa pizza mordida. Marcas fazem parte da nossa vida, nos apossamos delas com a mesma força e emoção com que nos relacionamos com pessoas. Amamos ou odiamos, rejeitamos ou as defendemos como podemos. O logotipo, ou melhor, um símbolo ou emblema de um evento como o da Copa do Mundo para nós brasileiros, onde o futebol catalisa as emoções de homens, mulheres, crianças, ricos, pobres, dos que gostam de futebol e dos que apenas assistem os jogos, das grandes cidades ou dos mais distantes e pequenos municípios, é o ponto de convergência de sentir-se parte de um país. Esse símbolo, a partir do momento que sai do papel e invade a cabeça das pessoas através de uma veiculação maciça e mundial nos meios de comunicação durante um longo período de tempo, deixa de representar o evento em si e passa a significar o país que o realiza. Não dá para dissociar a África do logotipo da última copa. Portanto, falamos da identidade visual do Brasil, talvez com a importância equivalente a da sua bandeira ou do seu hino. Será um símbolo cívico nacional. É esse o símbolo que merecemos? Que não acolhe turistas de outros países com a alegria que o evento promove, que não homenageia os países competidores e não exalta a esportividade. Reflete apenas a conquista de um troféu de qualquer coisa por um único país (e que nem reproduz o original da competição). Nele, os únicos elementos que remetem ao Brasil e a sua cultura são tímidas e pálidas pinceladas em verde e amarelo, e um 2014 em vermelho, que lembra muito uma "ingênua” e inoportuna estrela vermelha plantada nos jardins do Palácio do Planalto. Nelson Graubart

Paulo Cardoso
23/07/2010

Realmente a ADG parece não ter se importado tanto com o ocorrido. Me pareceu uma atitude de descaso, como "então tá, eu lavo minhas mãos!" Muito bom esse texto. Sempre gostei das aulas e dos comentários da profa. Ethel Leon. Uma mulher muito inteligente que consegue prender a atenção do aluno mais distraído. Parabéns!

Cesar Habert Pacionirk
23/07/2010

O Brasil é um país, que diferentemente dos outros 31 países que participam de uma Copa atualmente, tem uma relação muito intensa com o futebol. Neste contexto, o processo de decisão da marca da Copa do Mundo 2014 precisaria passar pela apuração da própria população, para que ela tenha a sensação de pertencimento. Sócrates, ex-jogador da seleção brasileira, fez recentemente uma reflexão sobre o pouco apoio da população à seleção do Dunga, apontando que o brasileiro não se reconhecia nela. A marca da Copa de 2014 feita pela Africa nos suscita a mesma sensação. Em um país como o Brasil, o processo que criação da identidade da Copa deveria envolver todos os atores da sociedade e aos designers, caberiam o papel de reger, como um maestro o processo e decisão de algo tão importante para o brasileiro. A questão da rejeição é fundamental nesta história toda. Como nós brasileiros iremos promover e acreditar nesta idéia se não nos reconhecemos nela?

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