Ano: III Número: 32
ISSN: 1983-005X
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Paris silenciosa de Philippe Taunais

Gilberto Paim

 

Nenhuma cidade é melhor para passear e flanar do que Paris. Não é preciso ler Baudelaire  para saber disso. No entanto, em tempos de turismo de massa, a maioria de seus visitantes se limita a conferir alguns dos incontáveis endereços sugeridos por revistas e guias de viagem. Exposição no Beaubourg, ok; loja-conceito no alto Marais, ok; restaurante belga no Quartier Latin, ok; livraria no Palais de Tokyo, ok. Aparentemente não há tempo para se perder na cidade e descobri-la à sua própria maneira.

Incansável andarilho urbano, o fotógrafo Philippe Taunais mora em Paris há quatro décadas, conhecendo-a como a  palma da mão. Embora não seja indiferente à beleza triunfal de sua arquitetura harmoniosa, assim como de seus monumentos e avenidas, vem registrando uma capital muito diferente daquela reproduzida nos cartões postais, raramente apreciada pelo turista que corre contra o relógio.     

Sua série mais recente revela uma cidade que, em algumas ruas de bairros como o décimo-primeiro e o quatorze, se retira voluntariamente da agitação comercial. Uma Paris ultra discreta e silenciosa, composta por fachadas de lojas de portas cerradas temporária ou definitivamente, algumas transformadas de modo singelo em moradias. Delas foram  retirados os letreiros. Uma ou outra fachada guarda, entretanto, como ornamentos abstratos, tênues vestígios de atividade comercial muito distante no tempo.  

Freqüentemente camufladas de cinza, essas fachadas são invisíveis aos turistas, e costumam escapar à atenção dos moradores e freqüentadores próximos. O registro imagético da  ascese no logo por Taunais revela uma outra dimensão da cidade-luz, cuja serenidade não é desprovida de charme. 

 


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