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Reconhecer para conhecer
Ethel Leon
A distância entre prática profissional e estudos acadêmicos é uma característica do mundo do design, não só brasileiro. Estamos longe da situação, por exemplo, dos estudos médicos, fortemente amparados em pesquisas empíricas, cuja relação clínica/estudos acadêmicos é simbiótica.
Designers estudam pouco a realização de designers, sabem, aliás, pouco o que colegas produzem, quais as dificuldades dos processos, das relações com clientes e, especialmente, seus métodos. Romper com esse isolamento e com esse desconhecimento tem sido o objetivo de várias publicações, entre as quais se destaca o livro organizado por Ericson Straub e Marcelo Castilho, Como designers conectam experiência, intuição e processo em seus projetos.
São 26 projetos os mais diversos, escolhidos, a maior parte, entre designers brasileiros, mas com ótimas participações de estrangeiros, entre os quais os dos argentinos Shakespear, Rubén Fontana, Norberto Chaves e Jorge Frascara, de Adrianus Obers, Alemanha e da Pentagram Design, norte-americano.
Projetos como um tanquinho de roupa, caso do trabalho da Design Inverso para a marca Wanke ou do Cuca, computador de baixo custo, da Questto Design revelam importantes vertentes do design brasileiro,voltado para novo mercado consumidor, que incorporou nos últimos anos, grandes setores da população. Ou como o projeto de Jair de Souza, para uma escola de ensino médio de 600 alunos, o Núcleo Avançado em Educação (Nave), do Rio de Janeiro, que integrou interior e fachada, marca e peças gráficas num projeto em que a linguagem remete ao fazer da escola,
Jorge Frascara mostra o redesenho de um documento utilizado por médicos da província de Alberta, no Canadá, é um exemplo notável do alcance do design de informação, de caráter público, que se soma aos projetos de sinalização de parque do estúdio Shakespear, Argentina, e de Norberto Chaves – a identidade visual de uma cidade espanhola.
O livro traz ainda diversos trabalhos na área de figurinos, exposições cartaz, projetos editoriais, tipografia, sem entrar em qualquer discussão sobre a abrangência do campo do design que, aqui, incorpora a moda e o efêmero. Como diz o professor Julio Katinsky, conhecer é, sobretudo, reconhecer. E é dessa matéria-prima do reconhecimento que foi feito esse livro.
Como designers conectam experiência, intuição e processo em seus projetos. Ericson Straub e Marcelo Castilho (orgs.) Curitiba: Infolio, 2010.
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