Ano: IV Número: 46
ISSN: 1983-005X
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Linguagem comum

Lançado pela primeira vez em 1998, o livro ABC da ADG - Glossário de termos e verbetes utilizados em design gráfico alcançou grande aceitação entre estudantes, pesquisadores e profissionais da área do design.

Fruto de amplo trabalho de pesquisa desenvolvido pela equipe de Comissão de Ensino da ADG (Associação dos Designers Gráficos do Brasil), a obra, pensada como guia de repertório comum entre os designers, logo se esgotou.

Mais de uma década depois da primeira edição, a editora Blucher publicou em abril deste ano, a nova versão revista e ampliada do ABC da ADG, organizada pela designer Lara Vollmer. Há dez anos ela era coordenadora da Comissão de Ensino da ADG.

Em conversa com a AgitProp, a designer falou sobre o processo de composição e organização do livro e suas principais contribuições aos leitores.

Com 201 páginas, quase 90 a mais que a primeira edição, o novo glossário sistematiza e contextualiza o conjunto de palavras empregadas na comunicação dos profissionais do design.

 “Assim como na organização do primeiro livro, constatamos uma série de ‘buracos’, expressões e termos utilizados com frequência por designers, mas que precisavam ser analisados e contextualizados”, afirma a designer.

Segundo Lara Vollmer, o trabalho de revisão e atualização dos termos e vocabulários incorporou diversas expressões ligadas às inovações do universo tecnológico, atualmente muito aplicadas no campo do design.

No entanto, alguns termos, considerados hoje obsoletos, como o “disquete”, por exemplo, foram deixados na nova edição.

Para Vollmer, a opção por manter o registro de determinados termos contribui para contextualizar as mudanças nos usos de certas palavras e expressões ao longo do tempo.

Comparada à edição anterior, a publicação recente traz número maior de ilustrações e de verbetes, muitos deles, compostos por termos relacionados ao marketing.

De acordo com a designer, a inserção de verbetes desta natureza é sintomática das próprias transformações vivenciadas na formação profissional dos designers.

“Há algumas décadas, o ofício de designer era muito associado ao terreno das artes gráficas. Atualmente, observamos uma mudança neste perfil profissional, já que é impossível ignorar o peso, cada vez maior, do mercado nesta formação”, diz Lara Vollmer.

A inclusão de uma seção voltada ao tema da sustentabilidade configura-se como outra novidade do novo ABC da ADG.

A inserção de espaço dedicado à questão dos diálogos entre produção do design e desenvolvimento sustentável contribui, segundo a organizadora, para aprofundar as discussões sobre o assunto.

A designer também comentou a recente repercussão, nas redes sociais, da definição do termo “logomarca” apresentada no glossário.

Embora a batalha entre “logotipo”e “logomarca” não seja exatamente sua “causa”, Lara Vollmer reconhece a força deste embate entre estudantes, pesquisadores e profissionais do design.  

Popularizado no Brasil e considerado por muitos uma redundância, já que “logo” (do grego logos) e “marca” (do germânico marka) têm o mesmo significado, o termo não deixou de ser abordado no volume.

Em sua perspectiva, longe de se esquivar da discussão, é preciso alargar as bases interpretativas dos conceitos. Para além das polêmicas, as definições de “logotipo” e “logomarca” convivem pacificamente no ABC da ADG:

“Para os designers, esta disputa é antiga e mobiliza uma série de argumentos dos grupos que defendem ou atacam o uso do termo. Por este motivo, no livro, optamos por apresentar as definições dos termos logo, logotipo,marca e logomarca a fim de esclarecer a questão”, explica a designer.

De acordo com Lara Vollmer, mais que oferecer uma linguagem atual, contextualizada e acessível a todos seus leitores, a publicação visa incentivar debates e estimular a constante busca por novas definições e significados utilizados nesta área profissional. “O confronto de ideias e perspectivas é sempre positivo”, diz ela.

 


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