Grande parte do mérito para o desenvolvimento deste projeto vem do privilégio de ter trabalhado com dois mestres, os arquitetos João Carlos Cauduro e Ludovico Martino que, com muita paciência, me mostraram como o processo de projetar envolve criatividade, rigor construtivo e capacidade executiva.
O desenvolvimento começou em 2008 após um insight e um esboço utilizando um software de visualização matemática - a forma em questão apresentava um jogo de simetria e assimetria, parecendo em alguns ângulos uma forma caótica. Quando “vista em planta” elucidava-se sua geometria construtiva.
Após este primeiro momento, desenvolvi uma lógica construtiva para obter o sólido tridimensional almejado. Este processo envolveu principalmente desenhos planos e lógica de segmentação proporcional de um “Torus”.
Já em 2009, finalizado este processo e já com a linha guia de extrusão confeccionada, partimos para um modelo tridimensional digital de alta definição, com capacidade de ser confeccionado por impressão tridimensional ou CNC.
Após o registro de autoria e de desenho industrial no INPI para as versões de 3 pés e 4 pés da Mesa Toroid, comecei a buscar parceiros para seu desenvolvimento industrial.
Foi ai que começaram as dificuldades, inúmeras tentativas em diversas indústrias, e sempre o argumento apontava para total inviabilidade da ferramenta industrial.
Após aproximadamente um ano de tentativas, me dispus a desenvolver a ferramenta por conta própria. Comecei com a ideia de desenvolver o modelo utilizando tubos e clay por conta dos custos envolvidos, pois a impressão tridimensional da peça na época (2010) havia sido avaliada em 18 mil reais.
Neste processo encontrei um parceiro, Marcelo Alves, fabricante e especialista em desenvolvimento de ferramentas industriais, que se tornou sócio neste projeto. Criamos então a marca OL! Os Loucos.
O nome veio da loucura que acabamos fazendo: após um ano de desenvolvimento chegamos a uma ferramenta definitiva avaliada em R$ 135 mil reais!
A mesa atualmente é feita em uma única compressão utilizando-se 5 toneladas de carga; o material desenvolvido é à base de epoxi e sua composição final faz parte do sigilo industrial envolvido.
A peça final recebe primer e pintura Sayerlack à escolha do cliente. A mesa Toroid chega ao consumidor final por 8 400 reais.
Como conclusão, romper o rótulo atual do “design artesanal brasileiro” foi a maior dificuldade encontrada no percurso do desenvolvimento deste produto.
Luciano da Silveira Araújo é arquiteto formado pela FAU-USP e participou de projetos e manuais de identidade visual e ambiental, para clientes como Banco do Brasil, Unibanco, TAM, Bunge e Aché entre outros. Sócio-diretor da ovo design é professor no Istituto Europeo di Design desde 2005, nas áreas de Desenho Industrial, Digital e Virtual Design, Design Gráfico, Design Estratégico e Desenvolvimento de Workshops.
