No último número da revista do IDEC (quem não conhece está perdendo informação de altíssima qualidade sobre consumo), há uma reportagem que identifica as dificuldades que consumidores têm de entender as informações nutricionais de embalagens de alimentos.
O texto sugere a adoção de diferentes cores para facilitar a transmissão da informação, a partir do código do trânsito: verde para nutrientes em quantidades baixas; amarelo para os que têm em quantidades medianas e vermelho para os que estão presentes em altas quantidades. A ideia é que a embalagem melhore a apreensão das informações nutricionais.
O exemplo, segundo a matéria, vem da Grã Bretanha, onde já se adota esse padrão semáforo desde junho.
No entanto, a pesquisa realizada pelo Idec para saber o quanto as informações são lidas e apreendidas mostrou outro problema: as letras pequenas das embalagens, outro obstáculo para sua leitura.
Esse é ou não um problema de design? Claro que é, mas não é percebido desta maneira.
Como demonstrou Ana Claudia Berwanger em seu ensaio sobre como o design é visto na revista Veja, (http://www.agitprop.com.br/index.cfm?pag=ensaios_det&id=79&titulo=ensaios) design é levado em conta, mas não tem esse nome. E quando é assim batizado, é sinônimo de glamour.
O padrão semáforo surge novamente na revista em matéria que fala das contas de luz. Atualmente elas já vêm com bandeiras verde, amarela ou vermelha, indicando diferentes condições de geração de energia. Em boas condições, reservas cheias das hidrelétricas, bandeira verde, os consumidores pagam menos.
O texto diz respeito a esta precisa informação, mas convenhamos. Contas de luz, de gás, de telefone, extratos bancários, de cartões de crédito são desenhados, parece, para que tenhamos dificuldades de entendê-los, não?
Lembro de redesenho dos formulários da previdência social do Canadá, conduzido por Jorge Frascara e também de um prêmio, coisa antiga, promovido pela Shell a projeto ambientalmente desejável. Pois bem, levou a premiação um escritório de design da Grã-Bretanha, que redesenhou a lista telefônica, de maneira a torná-la mais legível, ao mesmo tempo em que economizava papel.
Escolha da família tipográfica, entrelinhamento,coluna, cor do fundo, tudo isso pesa no projeto, sabemos nós. Parece que só nós.
Alguém já usou o terminal eletrônico do Banco do Brasil? Lição de antidesign. Alguém já desistiu de continuar num site ou de fazer compras pela internet pela dificuldade de compreender seu conteúdo?
E cá entre nós, quem se lembra de designers para resolver problemas semelhantes? E esse esquecimento, por que será?