Brasil
1. Móvel moderno no Brasil, de Maria Cecília Loschiavo dos Santos. São Paulo: Ed. Nobel/Edusp, 1995.
Primeiro estudo sistemático sobre o móvel moderno no Brasil. Ao ser lançado, o livro de Maria Cecília Loschiavo imediatamente ampliou a perspectiva dos estudos de design em nosso país. Ali está recuperada a mais consistente tradição do mobiliário brasileiro, que conecta a idéia de design ao ofício tradicional de marcenaria. Informação imprescindível para qualquer reflexão que se proponha a pensar a atividade de design e sua relação com a economia no Brasil.
2. O design brasileiro antes do design, Rafael Cardoso (ed.) e Design gráfico brasileiro, anos 60, Chico Homem de Melo (ed.), São Paulo: Ed. Cosac Naify, respectivamente de 2005 e 2006.
Estes dois livros não podem faltar na biblioteca do designer brasileiro. Ambos desempenham papel essencial no resgate do que pode ser caracterizado como um design autônomo. O primeiro diz respeito à manifestação de uma comunicação visual brasileira expressa em impressos de toda ordem – rótulos, revistas, livros, discos e fotografia – até então desqualificada enquanto manifestação de design. O livro delineia um quadro extraordinário de referências. Já o segundo apresenta um diálogo entre diferentes influências. Trata-se da clara demonstração de um modo bastante original de projetar objetos gráficos que dialoga tanto com o design americano dos anos 1950 e 60 – no caso da revista Senhor, por exemplo – quanto com o sistemático design suíço-alemão – no caso das identidades visuais modernas do mundo empresarial brasileiro.
3. Mário Pedrosa: itinerário crítico, de Otília Beatriz Fiori Arantes, São Paulo: Cosac Naify, 2004.
Este é um comentário agudo sobre a trajetória daquele que foi o principal crítico de artes brasileiro ao longo das décadas que precederam o momento em que as primeiras idéias sobre design moderno começaram a aportar no Brasil. Da questão da abstração ao conceito de “síntese das artes” ao comentar Brasília, Mário Pedrosa, pela análise da professora Otília Arantes, aponta tópicos fundamentais para o entendimento das raízes do design moderno entre nós e suas relações com o que se passava no mundo das artes plásticas.
Estrangeiros editados em português
1. Grid: construção e desconstrução, de Timothy Samara, São Paulo: Cosac Naify, 2007.
Com uma densa, embora sintética, história do design gráfico, o livro de Timothy Samara se desenvolve como uma aula, onde a análise crítica se desenvolve sobre uma muito bem escolhida seleção de projetos que traduzem abordagens tão contemporâneas quanto conservadoras, embora todas sejam dotadas de qualidade indiscutível. Com isso, o livro se posiciona como instrumento de reflexão acerca dos procedimentos e atitudes de projeto em design como um todo, não se restringindo à bidimensionalidade do objetos impresso.
2. A economia política da arte, de John Ruskin, Rio de Janeiro: Record, 2004.
Reunião de textos do crítico e polemista inglês do século 19, ordenada pelo historiador Rafael Cardoso, que indicam questões, relacionadas ao sistema de produção de então, à arte, ao design e à política, que ainda persistem em meio à problemática contemporânea. Leitura obrigatória a todos aqueles que desejam se aprofundar sobre as origens da atividade de design.
3. A forma do livro, de Jan Tschichold, São Paulo: Ateliê Editorial, 2007.
Este é um clássico. Àqueles interessados no livro enquanto projeto ou mesmo enquanto objeto de culto ou de desejo, este se faz imprescindível. O genial Jan Tschichold traça um de seus estudos mais precisos sobre o assunto. Quase uma obra definitiva, aqui são delineados tópicos que esclarecem a qualquer tipo de leitor sobre a natureza própria deste objeto tão comum em nossas vidas, o livro.
Estrangeiros
1. Discovering design, Richard Buchanan e Victor Margolin (eds.), Chicago: The University of Chicago Press, 1995.
Coletânea de textos de autores diversos – Tony Fry, Augusto Morello, Victor Margolin, Richard Buchanan, Nigel Cross e Ezio Manzini, entre outros – sob a coordenação de Victor Margolin e Richard Buchanan, ambos, editores da revista Design Issues e dentre os melhores e mais influentes pensadores no campo do design. O primeiro artigo, de Buchanan, expõe uma matriz original para se refletir sobre a origem do campo do design de maneira tal que dali se poderia reformular grande parte do modo de se ensinar design. Prosseguindo pela interface com outros saberes, o livro traz elementos sempre novos à reflexão necessária ao campo.
2. From Bauhaus to our house, de Tom Wolfe, Nova York: Farrar, Straus & Giroux 1981. Traduzido para o português em 1991, pela Ed. Rocco, Rio de Janeiro.
Este irônico e crítico texto do romancista e ensaísta americano Tom Wolfe foi no mínimo uma brisa renovadora na história do design. Àquele tempo, início dos anos 1980, mesmo já em curso a história social do design desenvolvida intensamente na Inglaterra, a obra propagandística de Nikolaus Pevsner se fazia referência absoluta para essa história. O texto de Wolfe veio para questionar todo aquele edifício de idéias. Em parte, conseguiu. Leitura recomendada ainda hoje.
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João de Souza Leite é designer, com doutorado em Ciências Sociais pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UERJ (2006). Leciona no Departamento de Artes e Design da PUC-Rio e na Escola Superior de Desenho Industrial ESDI. Entre seus trabalhos escritos estão Design: entre o saber e a gramática e A herança do olhar: o design de Aloisio Magalhães (pesquisa, organização e textos), ambos premiados pelo Museu da Casa Brasileira (2003/2004). Dedica-se ao estudo de tópicos em design gráfico, gestão, história, epistemologia e cognição em design.