Ano: V Número: 54
ISSN: 1985-005X
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Camadas de Júlia Almeida

Ethel Leon

Júlia Almeida mostrou recentemente em São Paulo sua produção de joias batizada de Milos Collection. O nome da coleção, explica a designer, vem de uma formação rochosa que ela viu e fotografou em Milos, na Grécia. As camadas geológicas superpostas formam desenho sugestivo de possibilidades. A jovem trabalhou com MDF, acrílico, madeira maciça e cobre em peças de grandes formatos (se comparados ao que se usa habitualmente em pendentes) e obteve resultados surpreendentes.

Os cortes dos materiais em formatos que, de fato, lembram formações rochosas, foram feitos de forma a produzir pequenas diferenças entre uma camada e outra, concedendo grande propriedade de movimento a cada conjunto. A escolha de materiais – a transparência de lâminas de acrílico alternando-se a outras de MDF ou madeira – produzem jogos óticos fascinantes. Em algumas peças, os recortes das camadas chegam a sugerir colmeias ou outras construções ordeiras e simétricas. Mas as variações sutis e alguns formatos irregulares questionam a ordem serial.

As dimensões destas peças são bem grandes, interpõem-se entre as pessoas que os utilizam e o mundo, tornam a distância interpessoal maior, mas, ao mesmo tempo, são tão chamativas ao olhar, que promovem aproximação. Há, com efeito, um jogo de afastamento e aproximação efetuada pela peça, quando portada no colo de uma mulher (ou de um homem). Daí seu efeito inequívoco de sedução. Há também esse chamado às camadas que parecem iguais, apenas parecem. Suas diferenças microscópicas, por vezes, também acentuam as sutilezas dos jogos de sedução, que as joias são dadas a executar.

Júlia Almeida trabalha em Londres no escritório de Ron Arad e, ao ver suas peças, dá para entender sua provável identificação com o trabalho do israelense/britânico, que também opera cortes irreverentes e propõe formas que desafiam certos materiais.
 

 


Comentários

Anna Maria Rahme
18/12/2013

Belíssimas construções geométricas, precisas e sensíveis.

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