Agenda Itamaraty com design
O design está na pauta do Itamaraty. O Departamento de Promoção Comercial do Ministério das Relações Exteriores lançou uma agenda 2008 na qual estão reproduzidas imagens de produtos brasileiros. São cadeiras e sofás, jóias e luminárias, mobiliário urbano e utensílios domésticos, embalagens e aparelhos médicos, máquinas e eletrodomésticos.
É um tremendo avanço ver um material promocional do governo que não apela para “nossa natureza exuberante”, “nossas mulheres” e os exotismos de sempre. Outro avanço é o fato de se ter privilegiado produtos que demonstram projeto de fato, inteligência e não apenas esbanjamento de matéria-prima ou aspectos ornamentais dos “trópicos”.
Os produtos são descritos em brevíssimos textos, alguns indicando o nome do produtor e do designer, outros apenas do fabricante. Mas, quem já organizou exposições de design conhece bem as dificuldades de conseguir informações completas sobre artefatos industriais. E o Itamaraty creditou com muito cuidado as fotos.
O Ministério escolheu os objetos da agenda entre aqueles premiados pelo Industrie Form, o Red Dot Design Award e o Museu da Casa Brasileira, o que é também muito louvável, já que a agenda reflete o julgamento coletivo de uma área de conhecimento e não, como já aconteceu tantas vezes, o gosto de algum curioso ou do primo de um embaixador.
Impressa em papel reciclado de TetraPak, a agenda tem grande formato e traz uma série de informações úteis, próprias para um material do Ministério que cuida de relações com o estrangeiro: feriados internacionais, coordenadas dos setores de promoção comercial brasileira no exterior, informações atualizadas sobre o Brasil, conversões de medidas, um glossário de vocabulário comercial e uma tabela de fusos horários.
Apenas um reparo, ou melhor, dois: uma agenda dedicada a design não deveria cometer o erro que algumas indústrias repetem: não dar o devido crédito aos autores. Não há uma ficha técnica com nome do autor do projeto gráfico, dos textos, a fonte tipográfica adotada ...enfim, as informações que todo designer procura ao ver um impresso.
A outra estranheza é a não publicação da marca Brasil. Talvez a marca não tenha “pegado”, e creio que não “pegou” mesmo, não por demérito próprio (da marca, projetada por Kiko Farkas), mas talvez por ter sido levianamente encomendada. A questão dos símbolos nacionais e do branding nacional vem-se tornando um fiasco, não só no Brasil. Mas, afinal, foi o governo que encomendou a marca. Estranho que ele próprio não a utilize. (EL)
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