Pintor, gravador, desenhista, artista gráfico, cenógrafo, figurinista e músico, Willys de Castro também deixou seu legado no campo da poesia.
Essa última faceta do artista adquire novos contornos com o lançamento dos livros inéditos 32 poemas (1953/1957) e poemas & poems, ambos editados pelo IAC (Instituto de Arte Contemporânea) em parceria com a editora BEI.
As duas edições seguem as especificações do modelo produzido pelo artista, cujos projetos para publicação datavam do final dos anos 1950 e estavam entre os arquivos de Willys no IAC.
A organização do material manteve os tipos datilografados e as correções feitas a lápis, além do próprio formato sugerido para publicação.
Nos anos 1950, Willys de Castro escreveu, estudou, traduziu e fez partituras de verbalização para poemas concretos.
O artista participou do Primeiro Recital de Poesia Concreta do país, em 1957, no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e criou partituras de verbalização para poemas de Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Ronaldo Azevedo, entre outros.
Segundo o Maestro Diogo Pacheco, se os concretistas revolucionaram a forma de se fazer poesia, as partituras de Willys de Castro criaram uma inédita verbalização para a leitura de tais poemas.
O interesse do artista pela poesia também o levou a criar uma série de poemas valorizando a importância gráfica da distribuição das palavras no papel e, sobretudo, sua sonoridade distinta. Seus ensaios poéticos revelam uma preocupação com a síntese formal sempre muito valiosa aos projetos dos artistas construtivos.
Willys de Castro (1926-1988) foi pintor, desenhista, artista gráfico, cenógrafo e figurinista. Em 1941 mudou-se para São Paulo onde estudou desenho com André Fort. Entre 1944 e 1945 trabalhou como desenhista técnico e, em 1950 iniciou estágio em artes gráficas no mesmo período em que realizou suas primeiras pinturas e desenhos geométricos. Em 1953 passa a realizar obras de linha construtivista e no ano seguinte funda com Hércules Barsotti o Estúdio de Projetos Gráficos. No mesmo ano participa do movimento Ars Nova, além de criar cenário e figurinos para teatro. Em 1958 viaja para a Europa e, no ano seguinte, quando retorna ao Brasil, une-se ao grupo Neoconcreto carioca, ao lado de Barsotti, Ferreira Gullar e Ligia Clark, entre outros. Entre 1959 e 1962 desenvolveu o raciocínio da série dos aclamados Objetos Ativos e de 1966 a 1967 projetou estampas para tecidos de produção industrial. Na década de 1980, iniciou pesquisa de construções em madeira, metal, inox e outros materiais, com efeitos de cor e movimento, os Pluriobjetos.