Ano: I Número: 6
ISSN: 1983-005X
Detalhar Busca





Do clipe ao World Trade Center

Inovação, da idéia ao produto é livro de Henry Petroski, recém-lançado pela Editora Blucher. Escrito como material didático de um curso introdutório para estudantes de engenharia, a obra reúne estudos de caso de objetos tão díspares como arranha-céus, aviões e pontes assim como clipes de papel, lápis, zíperes e velcros.

No livro, os limites entre engenharia e design são muito tênues, já que a engenharia, segundo o autor, “faz o projeto e o desenvolvimento de coisas que ainda não existem ou não estão disponíveis de forma adequada”.

O trabalho de Petroski, longe de dar receitas de produtos de êxito comercial, mostra a história detalhada dos objetos que analisa. O capítulo do clipes de papel tem 29 páginas. Ele reporta os estudos sobre a elasticidade dos materiais, voltando a fontes da Grécia clássica, a Galileu e aos cientistas do século XVII. Depois disso, retoma a fabricação de alfinetes e agulhas, reproduzindo ilustração de uma manufatura do século XVIII, publicada na Enciclopédia de Diderot e também de uma máquina de fabricar alfinetes, já do século XIX.  Curiosamente, cita dois críticos de design e de arquitetura que consideram o clipe uma forma genial, rebatendo com os argumentos de um inventor, para quem o dispositivo funciona de um só lado, precisa ser aberto, nem sempre permanece no lugar, rasga o papel, não segura papéis volumosos e aumenta a altura de suas pilhas ...o que, considera, são grandes defeitos...

Um livro excelente para mostrar o que pode ser uma pesquisa histórica de objetos, com a busca de patentes e seus desenhos; a longa história da superação de dificuldades técnicas – como no caso do aparelho de fax, cuja primeiro esboço data da metade do século XIX – e, por último, os determinantes políticos, sociais e mercadológicos que definem a vida de um artefato. Curiosamente, aliás, o livro se encerra discutindo as torres gêmeas do World Trade Center e o ataque terrorista de 1993 (o livro foi publicado em 1996). No último parágrafo, Petroski avisa: “é muito difícil projetar obras que resistam aos ataques terroristas, pois não se pode prever como serão realizados e qual será a potência do armamento ou das bombas utilizadas”. De fato. (EL)

 


Comentários

Envie um comentário

RETORNAR