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À melhor tradição do humor gráfico que movimentou profissionais de diversas áreas e remonta aos Almanhaques do Barão de Itararé; passando pelo saudoso Pasquim; pelos trabalhos do artista gráfico Guto Lacaz e da dupla de designers cariocas Elesbão e Haroldinho, acrescentem-se as publicações dos designers baianos Nildão e Renatinho.
São Será o Benedito e outros santos geneticamente modificados; Borboletras e Penso, Logotipo são três trabalhos da New Dão – Cartum, Design e Poesia. Nildão, designer gráfico e cartunista, jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, e Renatinho (Renato da Silveira), designer gráfico e professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia são os criadores das três peças que utilizam o humor ora poético, ora escrachado, ora irreverente que cativam o leitor.
Lançado em 2006, o conjunto de 12 postais intitulado São Será o Benedito e outros santos geneticamente modificados apresenta, irreverentemente, novos “santos” para aflições contemporâneas (ou não), como por exemplo: Nossa Senhora do HD (fig. 1), nada mais adequado do que uma protetora para nossas preciosas informações, uma vez que, hoje, nossa vida está num computador. Para a proteção dos cães e, por que não, também dos pet shops: São Bernardo (fig. 2). E o que dizer de São Rock (fig. 3) – protetor dos roqueiros? Fico me perguntando qual santo protegerá nossos ouvidos? Graças à criatividade de Nildão e Renatinho, podemos apelar, nesse tempo de raptos e seqüestros à Nossa Senhora Desaparecida (fig. 4) – para “seqüestros relâmpago” talvez precisássemos de uma ajuda adicional de Santa Clara, mas isso já é outro caso.
Enquanto muitas pessoas têm louvado o bom humor da dupla e encaram o trabalho como um saudável exercício criativo, outras não o vêem com tão bons olhos assim. O que rendeu à dupla um processo criminal movido por um grupo de católicos de Sorocaba e, mais curioso, encampado pelo Ministério Público Federal de São Paulo – fato no mínimo irônico, uma vez que o estado laico não deveria se imiscuir em questões religiosas.
Penso, Logotipo (fig. 5), o décimo primeiro livro de Nildão, não tem nada de cartesiano, como se poderia supor. Trata-se de uma coletânea de trabalhos gráficos divididos em 5 partes. Logotrip – cujo nome já é um achado – faz humor e trocadilhos com logos ou produtos de grandes e bem conhecidas empresas, como o iPhome (fig. 6); Não vá na propagonda brinca com anúncios fictícios para produtos, no mínimo, inusitados; Bicho também é gente mostra a vida selvagem, algumas vezes dialogando com simples palavras ou frases como em: Chega de Cobranças! (fig. 7); Nunca fui santa dá continuidade ao trabalho de proposição de novos santos e santas de São Será o Benedito; e por último Petitingas, que coleciona uma série de comentários gráficos como, por exemplo, James Blond (fig. 8).
Borboletras (fig. 9), trabalha unicamente com a palavra, apresentando pequenas poesias, quase hai-cais. Abrindo a publicação, a síntese do trabalho: Diversão palavras são! Felizmente Borboletras não versa apenas sobre o tema do humor, o que poderia tornar a publicação previsível, os pequenos poemas também se alimentam de idéias líricas como em Pavão/nunca foi ave/é instalação, ou de verdades ditas delicadamente como em: Procupante:/noventa e nove/vírgula nove/por cento/da humanidade/é figurante, ou Na pista/pedágio/à vista:/“mãos ao alto/isso é um asfalto!”.
O formato (10 x 7cm) dos dois livros, Borboletras e Penso, logotipo os tornam ideais para levá-los a todo canto, estando sempre à mão quando precisamos de uma dose de humor ou de irreverência.
Em tempo: talvez poucas pessoas saibam que Nildão foi quem criou, em 1982, o nome Chiclete com Banana para a conhecida banda baiana.
Os livros podem ser adquiridos pelo e-mail: newdao@ig.com.br
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